A nossa selecção nacional de futebol, seniores masculina, começou esta quarta-feira a sua caminhada rumo ao Campeonato Africano de 2013, que vai ser disputado na África do Sul, com um empate a uma bola em Dar es Salaam frente a selecção da Tanzania.
Se na última partida o combinado nacional se deslocou a Windhoek para aquela vergonhosa exibição que culminou com uma penosa derrota frente à sua congénere de Namíbia por três bolas sem resposta e, apesar de os Gert Engels terem alinhado apenas com jogadores internos, então já se podia prever o embate contra a Tanzania, em jogo da 1ª mão da 2ª pré-eliminatória de qualificação para o CAN 2013.
Os pupilos de Gert Engels até que entraram bem e ofensivos, se calhar porque se haviam mentalizado de que têm pela frente o adversário mais acessível da história das suas partidas. Porém enganaram-se. O jogo era num estádio nacional mas não o do Zimpeto, sim o Benjamin Nkapa pese embora com uma estrutura toda semelhante. A temperatura, apesar de ter sido elevada, não se podia chamar ali para justificar qualquer que seja a coisa, nem para os caseiros e muito menos aos vizinhos. O jogo era disputado de igual para igual.
Num desses sustos que os Mambas iam dando nos instantes iniciais da partida, Clésio, à locomotiva, driblou os centrais e enviou um remate que só teve a rede da baliza tanzaniana como seu legítimo receptor. Estava assinado – e bem – o primeiro tento da partida que serviu de autêntico balde de água fria para o estádio Benjamin Nkapa, extremamente lotado a meio de semana, o que provou o gosto e o amor pela pátria naquelas bandas de Dar es Salaam – lição que supostamente terão apreendido da Zâmbia que, com um pequeno colectivo, chegou ao topo em África derrubando até leões.
Depois do golo, não se percebeu se foi o combinado nacional que encolheu para manter a vantagem ou foi a Tanzania que não se conformou em sofrer em casa perante milhares de compatriotas seus que abandonaram os postos de trabalho para lhes dar força. A verdade foi que se assistiu a um autêntico murro no estômago de Gert Engels e de algumas centenas de moçambicanos que se dirigiram ao Nkapa.
Depois de alguns remates terem passado ao lado da baliza e não poucos defendidos por Kampango, Kazimoto, carregando a honra de cerca de 43 milhões de habitantes, não poupou na hora de desferir a bola a meio da rua perante a distracção da defesa moçambicana e do próprio Kampango que só teve a dura tarefa de ir buscar a bola no fundo das malhas depois de a ter acompanhado com os seus olhos. Era o minuto 42 da partida, 3 antes do fim do primeiro tempo.
Com o golo, não houve espaço nem para a vergonha. Aliás, o combinado nacional demonstrava sinais cintilantes de fraqueza e uma selecção completamente díspar daquela que enfrentou aquela vizinha na inauguração daquele Kampala Stadium e muito menos o do Zimpeto.
Moçambique sofreu nos escassos minutos que restavam da primeira parte, ou seja, já clamava pelo apito do árbitro que só não foi apupado pelos caseiros porque estavam cientes de uma segunda parte com mais brilho.
Segunda parte de sofrimento
Dito e feito. Os Mambas entraram desconcentrados e descoordenados. Houve falta de conexão de bradar os céus. Mas diga-se, em abono da verdade, que as contusões de Jerry e Zainadine, seguidas pelas queixas de Mexer e o fim do gás de Clésio que forçam Gert a fazer mexidas, contribuíram para o cenário a que se assistiu no prolongamento dos segundos 45 minutos: os Mambas sofreram e só não viram as suas balizas violadas porque estava ali um milagre em forma de pessoa, no caso Kampango, que se aplicou sofridamente para evitar o pior.
Nem as magias de Dominguês, que buscavam coordenar com o malabarismo de Telinho e o talento de Clésio, conseguiram impedir a onda ofensiva tanzaniana. Os Mambas não conseguiam sair a jogar e nem sequer tiveram linhas de passe para, pelo ou menos, sair do seu campo a jogar. A Tanzania atacava. Só parava quando trocava a bola entre os seus jogadores. Jogava à vontade e fazia correr os moçambicanos. O público gritava e contentava-se. Esta deve ter sido a melhor exibição da sua selecção na história do futebol, logo contra Moçambique. O apito do árbitro foi uma espécie de “desmancha-prazeres” para o público local que já nem exigia golo da sua selecção mas sim continuar a vê-la a jogar daquela maneira.
Gert Engels saiu do Kampala infeliz, e uma coisa é verdade: a Tanzania ensinou Moçambique a jogar futebol em 80 minutos (exceptuando os primeiros dez minutos da partida).
A segunda volta será decidida daqui a três meses já no Zimpeto para onde Moçambique parte com a vantagem de ter marcado fora de casa, no caso de se registar um empate a zero.
Confira os resultados dos outros jogos da 1ª mão desta pré-eliminatória:
Etiópia 0-0 Benin
Ruanda 0-0 Nigéria
Burundi 2-1 Zimbabwe
Quénia 2-1 Togo
Chad 3-2 Malawi
Madagáscar 0-4 Cabo Verde
Congo 1-1 Uganda
Libéria 1-0 Namíbia
Gâmbia 1-2 Argélia
Seychelles 0-4 RD Congo
Guiné-Bissau 0-1 Camarões
São Tomé e Príncipe 2-1 Serra Leoa