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Apuramento ao CAN 2017: “Mambas” fazem história nas Maurícias, sendo a primeira selecção a ser derrotada em mais de dez anos

Apuramento ao CAN 2017: “Mambas” fazem história nas Maurícias

jornal L´expressOs “Mambas” entraram para a história do futebol das Ilhas Maurícias ao perderem neste domingo (06) por 1 a 0 em Curepipe. Há mais de uma década que os mauricianos não venciam um jogo a contar para uma competição oficial. Para piorar, a nossa selecção terá também “enterrado” as esperanças de apuramento para o Campeonato Africano das Nações (CAN) em futebol de 2017. Moçambique ocupa a última posição do grupo H sem nenhum ponto e sem conseguir marcar um único golo. O Gana lidera o grupo, após a disputa de duas jornadas, com seis pontos, seguido pelas selecções do Ruanda e das Maurícias com 3 pontos.

Sem alterações de fundo ao onze derrotado em Maputo pelo Ruanda, no início da caminhada para o CAN do Gabão, Mano-Mano não pôde contar com o guarda-redes Ricardo Campos, lesionado, Moçambique chegou às Maurícias com a obrigação de vencer a selecção local que havia sido goleada pelo Gana na jornada inaugural.

Antes mesmo que os “Mambas” conseguissem pegar no jogo, os mauricianos mostraram que a partida não seria fácil, apesar do pouco público nas bancadas.

A nossa selecção procurava manter a posse de bola, defendia com segurança e tentava municiar os atacantes contudo, mas sem grande criatividade. Como sempre, Dominguez era o jogador com discernimento para levar a bola até a baliza contrária, fosse em jogo corrido ou em lances de bola parada.

O primeiro remate à uma baliza foi forte, mas a bola passou ao lado da baliza guarnecida por César Machava. Clésio respondeu atirando por cima do travessão e, Dominguez, à entrada da área, chutou tendo o esférico quase beijado o poste de Kevin Jean-Louis.

Depois de um primeiro quarto de hora equilibrado, Moçambique passou a controlar o jogo e a tomar a iniciativa de atacar; porém, sem criar grande perigo à baliza mauriciana, até ao minuto 36 quando Luís rompeu pelo flanco esquerdo, entrou pela grande área e rematou forte mas acertou num defensor. A bola sobrou para Isac que, de ângulo difícil, rematou em vez de chutar com jeito e o perigo passou.

Na retaguarda, César Machava mostrava segurança, antecipou-se bem a um avançado mauriciano que recebeu um passe longo e bateu a defesa na corrida.

Moçambique jogava no meio-campo adversário mas não conseguia visar a baliza de Kevin. Jumisse foi o mais perdulário: primeiro encheu o pé de fora da área mas a bola saiu ao lado e depois, na sequência de um bom cruzamento de Dominguez que o defesa cortou para o centro da área, o internacional moçambicano, sem grande marcação, atirou para as nuvens.

Isac também apareceu na área, em boa posição para chutar para o golo, mas deixou-se antecipar pela defesa mauriciana.

No tempo de compensação, Dominguez pediu penálti na sequência de uma bola “pingada” para a área e que teria tocado no braço de um defensor, mas o juiz Djamal Aden Abdi, do Djibuti, mandou jogar.

Nas cabinas, durante o intervalo, Mano-Mano trocou Jumisse por Gildo mas ainda o médio do Ferroviário da Beira não tinha tocado na bola e já os anfitriões comemoravam o golo.

Louis Desire Fabien Pithia marcou um livre na direita do seu ataque, no primeiro minuto da 2ª parte, a bola foi cabeceada por um outro mariciano no centro da área sem grande perigo mas Miro, o capitão dos “Mambas”, cortou de cabeça para a frente, devolvendo o esférico a Pithia que agradeceu, entrou pelo flanco desguarnecido e chutou para o poste mais longe de César Machava.

O seleccionador moçambicano, que continua a ser interino, voltou a mexer na equipa tirando o avançado Isac e lançando o médio Witiness. Mas a nossa selecção continuava apática e sem atitude.

No minuto 53 os “Mambas” gritaram golo: Dominguez bateu um pontapé de canto na esquerda, mas a bola foi rechaçada de cabeça por um defensor mauriciano para a sua baliza, o esférico beijou o travessão e bateu no relvado, longe da linha de golo, e o guarda-redes agarrou-o. Os jogadores moçambicanos entenderam mal o sinal do árbitro e pensaram ter assinalado o centro do relvado: pura ilusão.

Já em desespero, e claramente sem pernas para correr, a nossa selecção optava por passes longos para fazer chegar a bola à baliza mauriciana. No minuto 65, Miro cruzou para Dominguez que em queda e pressionado por dois defensores atirou para uma defesa incompleta de Kevin, e Clésio chegou atrasado para a recarga.

Em remates de meia distância primeiro Domingues e depois Mexer tentaram visar as redes das Maurícias, mas sem sucesso. Na resposta Pithia, o marcador do golo, voltou a trocar as voltas à nossa defensiva e rematou para o golo; todavia, por sorte a bola acertou num defesa e perdeu-se pela linha lateral.

Reinildo ainda entrou para o lugar de Miro mas o destino dos “Mambas” estava traçado. Antes do apito final, na sequência de um ombro a ombro, Gildo caiu desamparado e bateu com a cabeça no chão. Pareceu ter perdido os sentidos, mas recuperou e saiu ileso.

É preciso recuar a 2003 para encontrar registos de uma vitória das Ilhas Maurícias numa prova oficial, disputava-se a ronda preliminar de apuramento para o “Mundial” de 2006 e o adversário foi o Uganda que perdeu por 3 a 1 mas venceu a eliminatória devido ao 3 a 0 na outra mão. Desde então só em jogos amigáveis os mauricianos conseguiram resultados positivos e com selecções bem modestas, daí o 185º lugar que ocupam no ranking masculino da FIFA.

A questão que se impõe ao novo presidente da Federação Moçambicana de Futebol é se irá manter Mano-Mano – o adjunto que foi promovido a seleccionador depois da derrota com o Ruanda, após a saída de João Chissano que também era adjunto de Gert Engels e foi promovido a seleccionador com a saída do alemão em meados de 2013 -, no comando da selecção nacional de Moçambique.

Independentemente de quem será o seleccionador este deverá perceber também de matemática pois com zero pontos Moçambique precisa de vencer os próximos quatro jogos, dois deles diante do Gana, primeiro a 23 de Março como visitante e depois a 27 de Março de 2016 como anfitrião, e contar que os seus adversários percam pontos. A 4 de Junho do próximo ano os “Mambas” jogam com o Ruanda em Kigali e terminam a campanha recebendo em Maputo as Ilhas Maurícias a 2 de Setembro de 2016.

Pelo meio a nossa selecção vai defrontar a Zâmbia, em jogo da última eliminatória de apuramento para o Campeonato Africano das Nações para jogadores não internacionais (CHAN) de 2016, e vai enfrentar Gabão em Novembro, na pré-eliminatória de acesso a fase de grupos de apuramento africano para o Mundial 2018.

Eis os resultados completos da 2ª jornada de apuramento ao CAN de 2017:

Djibouti 0 – 2 Togo

Comores 0 – 1 Uganda

Namíbia 0 – 2 Senegal

Seychelles 1 – 1 Etiópia

Burundi 2 – 0 Níger

Sudão do Sul 1 – 0 Guiné Equatorial

Tanzânia 0 – 0 Nigéria

Ruanda 0 – 1 Gana

Botswana 1 – 0 Burkina-Faso

São Tomé Príncipe 0 – 3 Marrocos

Libéria 1 – 0 Tunísia

Guiné-Bissau 2 – 4 Congo

Gabão 4 – 0 Sudão

Mauritânia 3 – 1 África do Sul

Madagáscar 0 – 0 Angola

Quénia 1 – 2 Zâmbia

Maurícias 1 – 0 Moçambique

Suazilândia 2 – 2 Malawi

Zimbabwe 1 – 1 Guiné-Conacri

Lesoto 1 – 3 Argélia

RC Africana 2 – 0 Rep. Dem. Congo

Chade 1 – 5 Egipto

Benin 1 – 1 Mali

Serra Leoa 0 – 0 Costa do Marfim

Gâmbia 0 – 1 Camarões

Líbia 1 – 2 Cabo Verde

Apuram-se para a fase final do CAN, que será disputado no Gabão em 2017, os vencedores de cada um dos grupos e ainda as duas selecções que ficarem em segundo lugar com o maior número de pontos.

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