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Após votação na ONU, Síria tem mais violência e protestos

As forças de segurança do presidente da Síria, Bashar al-Assad, ignoraram esta sexta-feira as recriminações da Organização das Nações Unidas (ONU) e voltaram a atacar redutos rebeldes nas cidades de Homs e Deraa. Apesar da ameaça de repressão das forças de segurança, manifestações contra Assad foram relatadas em várias cidades sírias, inclusive Damasco e Aleppo, depois das preces islâmicas da sexta-feira.

Numa demonstração de apoio a Assad, o vice-chanceler chinês, Zhai Jun, chegou a Damasco depois de a Assembleia Geral da ONU aprovar por ampla margem uma resolução sem força legal que diz a Assad para parar a violência e deixar o cargo.

Evocando o princípio da não-ingerência, China e Rússia vetaram em 4 de fevereiro uma resolução do Conselho de Segurança nos mesmos termos, que teria mais força do que o texto aprovado na Assembleia Geral, onde nenhum país tem poder de veto.

“A China não aprova o uso da força para interferir na Síria, ou a imposição forçosa de uma chamada mudança de regime”, disse Zhai antes de embarcar para Damasco. A embaixada chinesa na Síria disse que Zhai se reuniria na noite de sexta-feira com seu homólogo local, que seria recebido no sábado por Assad e que também visitaria membros da oposição. Não se sabe se ele leva alguma mensagem específica para Assad, ou se ele tentará convencê-lo a interromper a operação militar.

Enquanto Zhai pousava em Damasco, as forças de segurança continuavam a bombardear redutos oposicionistas na cidade de Homs, no oeste do país, há duas semanas sob fogo cerrado. Ativistas da oposição disseram que um intenso bombardeio atingiu o bairro de Baba Amro, depois da incursão de tropas e blindados a partir do vizinho bairro de Inshaat.

“Eles estão principalmente a disparar foguetes que caem diretamente nos prédios, e morteiros de vez em quando. Só a rua Karama agora separa Baba Amro do Exército em Inshaat”, disse o ativista Aba Iyad usando um telefone por satélite.

Em Idlib, perto da fronteira com a Turquia, dois moradores disseram à Reuters que tanques cercaram a cidade ao amanhecer, e há expectativa de uma invasão militar.

No outro lado do país, em Deraa, na fronteira com a Jordânia, moradores relataram ter ouvido explosões e rajadas de metralhadoras em bairros que estão sob ataque militar. Deraa foi o berço da rebelião contra Assad, há um ano.

Os militares também iniciaram uma nova ofensiva em Hama, cidade com um sangrento histórico de resistência ao pai e antecessor de Assad, Hafez al-Assad, que morreu em 2000. Apesar disso, as pessoas desafiaram a presença de soldados e policiais para fazerem protestos em várias cidades, como acontece em quase todas as sextas-feiras nos últimos 11 meses.

ISOLAMENTO INTERNACIONAL

Na quinta-feira, a votação na Assembleia Geral mostrou como Assad está isolado internacionalmente. A resolução recebeu 137 votos a favor, 12 votos contra e 17 abstenções. O texto dá apoio a uma proposta da Liga Árabe que prevê, entre outras coisas, o fim da repressão aos manifestantes e a renúncia de Assad.

Embora não tenha força de lei, como seria o caso de uma resolução no Conselho de Segurança da ONU, o texto aprovado na Assembleia Geral tem forte caráter simbólico.

“Há um esmagador apoio global à oposição. (A resolução) mantém a pressão, e a oposição pode dizer que tem legitimidade global”, disse à Reuters o analista Rami Khouri, de Beirute. “Acho que os dias dele (Assad) estão contados. Mas ainda não sabemos por quanto tempo ele pode resistir.”

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