O número de mortos em decorrência do tsunami que atingiu a Indonésia chegou esta terça-feira a pelo menos 103, ao mesmo tempo em que o país é palco de mais uma emergência – a erupção de um vulcão. O tsunami, com ondas de três metros, atingiu na segunda-feira as Ilhas Mentawai, um popular destino turístico de surfistas na costa da Ilha de Sumatra, no oeste do país. Segundo o vice-governador do arquipélago, dez aldeias foram completamente destruídas pelo fenómeno. Centenas de pessoas permanecem desaparecidas.
Um polícia disse à BBC que os trabalhos de resgate na região estão a ser prejudicados pelo mau tempo. Helicópteros não conseguem pousar na área por causa da forte chuva e barcos também não conseguem chegar às ilhas porque o principal cais foi destruído. As autoridades também estão a enfrentar dificuldades para conseguir informações precisas sobre o desastre por causa da má cobertura telefónica na região.
A Agência de Controle de Desastres do país disse que as ondas foram causadas por um terramoto de magnitude 7,7 que teve como epicentro a costa de Sumatra na noite de segunda-feira.
Outro grupo de surfistas australianos informou que o barco onde estavam foi destruído por uma “parede de água” durante o tsunami. O capitão Rick Hallet disse à imprensa da Austrália que sua embarcação estava ancorada perto da ilha Pagai, uma das maiores do arquipélago das Ilhas Mentawai, quando as ondas vieram. “Nós sentimos o barco a tremer por baixo. (…) Alguns minutos depois ouvimos um barulho terrível”, disse ele. “Eu pensei logo num tsunami. Olhei para o mar e foi aí que vi uma parede de água branca vindo na nossa direção.”
Segundo o capitão, a força da onda fez com que outros barcos batessem no dele e causassem um incêndio, forçando as pessoas a saltar para o mar. Alguns dos que estavam a bordo teriam reaparecido em terra, a mais de 200 metros da praia.
Vulcão
Na Ilha de Java, mais a leste, o vulcão do Monte Merapi entrou em erupção ao fim da tarde desta terça-feira, um dia depois de cientistas emitirem um alerta sobre a possibilidade dele voltar à actividade. O responsável por monitorar desastres no governo indonésio, Priyadi Kardono, disse à BBC que mais de 13 mil pessoas têm de ser evacuadas num raio de dez quilómetros da montanha. A estimativa é que cinco mil pessoas vivam nas encostras do vulcão.
O governo espera problemas logísticos, antevendo as dificuldades de possibilitar a saída de milhares de pessoas ao mesmo tempo. Desde a emissão do alerta de erupção, mais de 300 pessoas já foram transportadas para campos de desabrigados. Mas até agora muitos moradores ainda se recusam a deixar as suas casas. Na última vez em que entrou em erupção, em 2006, o vulcão do Monte Merapi deixou dois mortos. Em 1930, uma erupção histórica arrasou 13 aldeias, matando mais de mil pessoas.
