O microblog Twitter, um dos sites mais visitados do mundo, revelou, esta terça-feira, sua estratégia para ganhar dinheiro, integrando progressivamente às páginas iniciais dos usuários “Tweets (mensagens) promocionais”, pagas pelos anunciantes e que podem ser multiplicados pela rede de followers (seguidores das suas mensagens).
Depois de quatro anos de crescimento exponencial, o Twitter, que atingiu a marca de dezenas de milhões de usuários do mundo sem se preocupar em ganhar dinheiro, mudou de estratégia. As mensagens promocionais “serão pagas pelas empresas ou organizações que quiserem ampliar o grupo de usuários que receberem o anúncio”, explicou o site californiano em seu blog.
Entre os primeiros anunciantes a usar este novo suporte estão a cadeia de lojas de eletrônicos Best Buy, o energético Red Bull, o estúdio de cinema Sony Pictures, a companhia aérea Virgin America e a rede de cafés Starbucks. Esse desenvolvimento, baseado na convicção de “otimizar o valor do site para depois colher os benefícios”, como sublinhou um dos criadores Biz Stones nesta terça-feira, lhe permitiu drenar os financiamentos importantes e valorizar o site em milhões de dólares.
Mas, até agora, a única fonte de renda conhecida do Twitter, que permite publicar e consultar mensagens de apenas 140 caracteres, provinha das parcerias com os sites de buscas Google e Bing, da Microsoft, que fazem referencias aos feeds (fluxo de mensagens) nas suas páginas. Muitas empresas e organizações já utilizam o Twitter para difundir suas mensagens gratuitamente.
A partir de agora, elas poderão pagar para que suas mensagens se destaquem automaticamente no topo de uma busca por uma palavra-chave no site. A questão é saber se os internautas querem que o Twitter integre mensagens publicitárias aos tweets usuais, somente mencionando “pago pela empresa X”.
É uma decisão “que vai, provavelmente, irritar aqueles que se preocupam com o respeito à vida privada e com as pesquisas de comportamento que redirecionam produtos para o público”, estimou o analista financeiro Douglas McIntyre, do site 247WalSt.com. “Os membros do Twitter podem até mesmo se voltar contra os anunciantes, o que será improdutivo”, acrescentou.
Mas para o analista Josh Bernoff, do escritório de marketing Forrester Research, “o Twitter deve escolher um local para colocar a publicidade que incomode menos e seja mais eficaz. As pessoas não vão desistir do Twitter por causa disso. É inevitável: a tecnologia precisa lucrar”. Bernoff prevê, igualmente, que esse novo tipo de publicidade será muito eficaz, graças à possibilidade de atingir melhor os interesses dos internautas explorando o sistema de palavras-chave.
O impacto desse vetor de publicidade será rentável, assegurou, pois “os utilizadores dos microblogs são muito influentes”. Ele também avalia em U$100 milhões a receita anual que o Twitter poderá receber com o novo sistema, enquanto que Douglas McIntyre aposta em vendas de 150 a 200 milhões de dólares por ano. Ironicamente, o anúncio desse plano de desenvolvimento comercial fez com que algumas empresas estimassem que o Twitter estivesse em declínio. Segundo a empresa comScore, o site congregou 73,5 milhões de visitantes diferentes em janeiro, mas 69,5 milhões em fevereiro.