Cerca de 70 porcento dos 250 milhões de habitantes da região austral de África não tem acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), segundo constatação dos peritos da área que desde segunda-feira estão reunidos na cidade de Maputo. Ainda de acordo com aqueles, a falta de acesso a estes instrumentos, considerados fulcrais para o desenvolvimento das populações, concorre para a persistência dos elevados índices de pobreza na região.
Os actuais custos dos instrumentos que compõem as novas tecnologias de informação e comunicação, aliado à pobreza extrema que continua presente na maior parte das populações da região, é apontado como uma das principais razões que está por detrás das dificuldades para o acesso as TICs.
Em Moçambique, o preço mínimo para o acesso a um telefone celular está actualmente fixado em cerca de 1200 Meticais (cerca de 33 USD ao câmbio do dia), enquanto o mínimo para a aquisição de um computador está fixado em cerca de 15 Mil Meticais (cerca de 450 USD). Dados oficiais indicam que apenas perto de 5 porcento dos moçambicanos tem emprego formal com um salário mínimo de perto de 1900 Meticais.
Por outro lado, cálculos da Organização dos Trabalhadores Moçambicanos calculam em cerca de 5200 Meticais, o custo mensal de um cabaz alimentar básico para uma família média de 5 pessoas.
O seminário, com duração de três dias, pretende validar o processo de revisão e actualização da Política das Tecnologias de Informação e Comunicação e o seu quadro regulatório ao nível da SADC.
Falando na abertura do encontro, o Ministro dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula apelou aos participantes para que desenhem políticas que permitam reduzir a percentagem da população que não tem acesso às tecnologias de informação.
Por seu turno, o chefe do departamento das Relações Exteriores do Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique, Júlio Buque, explicou que o debate surge em recomendação das Nações Unidas, visando a criação de um fundo para que mais cidadãos tenham acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação.
O seminário de Maputo realiza-se em seguimento do primeiro de género que teve lugar em Maio do presente ano na África do Sul.