Nas ruas e na internet, a campanha eleitoral do opositor Antanas Mockus incluem até o estilo pop de Andy Warhol; nos comícios de Juan Manuel Santos os partidários cantam tradicionais músicas colombianas: os favoritos à presidência da Colômbia são as duas faces de um mesmo país.
Antanas Mockus é ajudado por voluntários, recrutados nas redes sociais, enquanto que o governista Juan Manuel Santos se cercou de pessoas mais velhas, sem conhecimento das novas tecnologias, explica um diplomata europeu. E suas diferenças de marketing político se refletem em seus eleitores, segundo as pesquisas de opinião publicadas a poucos dias do primeiro turno da eleição de 30 de maio.
O ex-prefeito de Bogotá, Antanas Mockus, que promete uma mudança da sociedade corroída pela cultura do narcotráfico, e um retorno da moral, da educação e da transparência, convoca os eleitores mais jovens, mas urbanos e que pertencem à classe média alta.
Os que já se decidiram pelo ex-ministro da Defesa Juan Manuel, herdeiro político do popular presidente Alvaro Uribe e que promete continuar com suas políticas na luta contra as guerrilhas, são os eleitores de mais idade, de classes mais humildes e que vivem em localidades menores. Segundo uma pesquisa Ipsos Napoleón Franco publicada no final de semana anterior à eleição, os dois estão tecnicamente empatados.
Mas Mockus conseguiria 42% das intenções de voto na faixa entre os 18 e 24 anos, frenta aos 30% para Santos. Entre as pessoas entre 25 e 54 anos, estariam empatados; mas com os maiores de 54 anos, Santos é ampliamente aceito, com 43% contra 24% de Mockus. “Nas populações rurais há mais simpatia por Santos porque seu trabalho (como ministro da Defesa) teve influência em sua qualidade de vida”, explicou à AFP o diretor da Ipsos Napoleón Franco, Javier Restrepo, em referência ao combate às guerrilhas.
Nos pequenos povoados, os grupos políticos como o de Santos (Partido de la U, direita) também têm mais influência, assinalou, por sua vez, Jorge Londoño, diretor da pequisadora Invamer Gallup. “Um vereador do Partido de la U conhece pelo nome seus eleitores”, uma importante vantagem sobre Mockus, cujo movimento, o Partido Verde, era praticamente inexistente antes de seu candidatura, afirmou. Em compensação, nas grandes cidades, onde a maioria é independente, os eleitores simpatizam com Mockus, e o voto é mais influenciado pelos meios de comunicação. Qual dessas duas Colômbias sairá vitoriosa?
A resposta é uma incógnita e depende em parte da capacidade que terá cada grupo de mobilizar seus eleitores, assinalam os analistas. Os mais humildes, segundo Restrepo, “têm a maior intenção de voto, mas os postos de votação são distantes e há custos associados a ir votar, o que seria uma desvantagem para Santos caso seu aparato político – que inclui transporte a alimentação – fracassar”.
Mas o candidato independente também enfrenta seu próprio terreno frágil. “O eleitor de Mockus tem um voto de opinião independiente, mas muito instáel. Pode estar contigo hoje e amanhã te abandonar”, considerou. Além disso, o voto jovem é menos comprometido. No fim, a grande diferença será “o quanto os colombianos apreciam a mudança (representada por Mockus) e o quanto apreciam a continuidade (oferecida por Santos)”, resumiu Claudia López, analista política e membro da missão de observação eleitoral. Segundo López, ambos propõem opções de “centro” e a disputa será acirrada até o último momento.