Mais jornalistas foram assassinados no trabalho em 2012 do que em qualquer outro ano desde que começou um monitoramento iniciado há 17 anos. A Síria e a Somália registaram um número especialmente alto, informou a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Quarta-feira (19).
Oitenta e oito jornalistas foram mortos, um terço a mais do que no ano passado, enquanto as forças de segurança em zonas de conflito diversas reprimiram uma nova leva de cidadãos jornalistas que tentavam documentar as actividades delas, informou o grupo de defesa dos direitos humanos com sede em Paris.
“O número alto de jornalistas mortos em 2012 deve-se principalmente ao conflito na Síria, ao caos na Somália e à violência do Taliban no Paquistão”, disse Christophe Deloire, director geral do RSF, num comunicado.
Os responsáveis por maus tratos ou pela morte de jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas no geral não são punidos, criando um sentimento de impunidade que estimula a ocorrência de novos casos de violência, acrescentou ele.
Na Síria, onde os rebeldes combatem forças leais ao presidente Bashar al-Assad desde Março de 2011, as notícias escritas por cidadãos jornalistas em parte preencheram um vácuo deixado pelo bloqueio à reportagem independente.
Imagens das batalhas nas ruas, dos hospitais e da devastação causada por bombardeios feitas por amadores em celulares forneceram material para organizações de notícias tentando retratar a vida no terreno.
“Sem a acção deles, o regime sírio seria capaz de impor um bloqueio total à informação em algumas regiões e executar os seus massacres sem ninguém ver”, afirmou o RSF.
Os sistemas sofisticados de vigilância de dados permitem que os governos rastreiem quem publica a notícia online, assim como a sua localização física. Se ameaçados, os cidadãos jornalistas normalmente não têm os meios de buscar segurança fora do seu país.
Embora as forças do governo sejam responsabilizadas pela maioria dos ataques, o Repórteres Sem Fronteiras afirmou que os rebeldes podem estar por trás de algumas execuções na Síria, o lugar mais mortal para jornalistas em 2012.
Dezessete jornalistas profissionais, entre eles Marie Colvin, repórter norte-americana do Sunday Times britânico, 44 cidadãos jornalistas e quatro colaboradores foram assassinados naquele país este ano.
A Somália foi o segundo país mais perigoso para jornalistas, com 18 mortos. O Paquistão aparece em terceiro, com 10, e o México vem em seguida com seis mortes, na sua maioria causadas por grupos organizados de criminosos.