Muitos eleitores angolanos vão ser excluídos da votação em Kuando-Kubango, por causa de insuficiências no registo eleitoral. A denúncia é da Organização não-governamental Bakita que há muitos anos, trabalha com as comunidades rurais na Província do Kuando Kubango.
“Além do registo eleitoral que não atingiu todas as localidades da província, dificilmente teremos votos de qualidade, na Província do Kuando Kubango, porque não há equilíbrio político, nas comunidades rurais, os sobas em simultâneo exercem o cargo de responsável do partido no poder. Isto fere a sensibilidade em termos de transparência eleitoral, em termos de voto de consciência”, esclareceu Pascoal Baptistini, líder da ONG angolana, denominada Bakita.
Pascoal Baptistini em declarações prestadas à Voz de América, manifestou-se igualmente preocupado com a ausência na província do Kuando-Kubango, de um programa credível, de educação cívica sobre eleições.
“A nível da Província do Kuando-Kubango, nós temos muitas dúvidas acerca do pleito eleitoral que se avizinha, pelas seguintes razões: 1º- a informação veiculada na província do Kuando-Kubango sobre eleições não é credível, parcial a favor do partido no poder, as comunidades não sabem nada sobre como e quando vão acontecer as eleições. Isso é mau para um país que se pretende democrático e de direito” esclareceu aquele membro da sociedade civil.
O Presidente da Bakita foi mais longe afirmando que ”em segundo lugar o registo eleitoral não atingiu todos recantos da província. Não atingindo a Província, muita gente ficará sem votar.”
O activista cívico considerou de controverso o facto de, até hoje, as autoridades do governo da Província do Kuando-Kubango relegar para o terceiro plano o direito a identidade angolana aos cidadãos.
Alerta que para se ser eleitor, primeiro tem de ser cidadão, Baptistini critica o procedimento governativo do Kuando-Kubango que atribui cartões de eleitores as pessoas, antes de lhes ter conferido o direito a cidadania.
As comunidades khoisans queixam-se do estigma da exclusão social de toda sorte, por parte facilitada pelas autoridades governamentais, sob o olhar silencioso das autoridades religiosas daquela província.
As comunidades khoisans agradecem a solidariedade e o gesto das entidades nacionais e internacionais, sensibilizadas com a sua causa, segundo revelou um dos anciãos comunitário numa das localidades afectas ao Município de Calai.
Em Menongue a VOA procurou ouvir as autoridades governamentais do Kuando-Kubango, mas sem sucesso. O formalismo e a burocracia excessiva no atendimento imperam as instituições do estado naquelas paragens.