O Congresso Nacional Africano (ANC) venceu com facilidade a eleição geral na África do Sul, mas a sua vantagem de votos caiu em consequência da insatisfação com os escândalos de corrupção e as desigualdades sociais que persistem há uma geração no país, desde que o partido chegou ao poder.
O afluência na votação de quarta-feira foi consideravelmente menor do que na eleição anterior, em 2014, caindo de 73,5% para 66%, de acordo com a comissão eleitoral. Enquanto isso, o principal partido de oposição, a Aliança Democrática (DA), viu os seus votos aumentarem.
O vice-secretário do ANC, Jessie Duarte, disse que “a confiança está a voltar e precisamos corrigir os nossos erros”. Outras autoridades do partido já haviam reconhecido a redução no apoio à legenda, na comparação com cinco anos atrás.
Os resultados preliminares deste sábado mostram que o partido no poder garantiu 57,51% dos votos para o parlamento. A DA angariou 20,75%, e o esquerdista Combatentes pela Liberdade Económica (CLE) alcançou 10,79%, informou a Comissão Eleitoral Independente no seu site.
A vitória do ANC garante ao partido assentos suficientes no parlamento para dar ao presidente Cyril Ramaphosa mais cinco anos no poder, mas pode deixá-lo com pouca munição para conter os partidos rivais, que se opõem às reformas dele para proteger a economia e combater a corrupção.
Foi o pior desempenho eleitoral do movimento de libertação encabeçado pelo falecido Nelson Mandela, que governa a África do Sul sem intervalos desde que a primeira eleição livre no país marcou o fim do governo de minoria branca, em 1994.
O ANC nunca havia antes recebido menos do que 60% dos votos num pleito nacional. Na eleição anterior, em 2014, o ANC ficou com 62% dos votos, enquanto a DA recebeu 22% e os CLE, 6%.
Os resultados preliminares também mostraram que o ANC venceu por pouco na província de Gauteng, onde fica Joanesburgo, maior cidade e centro comercial do país, e também a capital Pretória. Lá, o partido recebeu 50,19% dos votos.
Perder o controle de Gauteng e ser obrigado a formar uma coligação na província seria um duro golpe para Ramaphosa, que assumiu a presidência em Fevereiro de 2018 no lugar de um Jacob Zuma desacreditado por escândalos.
O novo mandatário tem tentado reconquistar os eleitores do ANC, cujo entusiasmo pelo partido se deteriora ante as tentativas dele de lidar com a corrupção, o alto desemprego e as persistentes disparidades raciais nas áreas de habitação, serviços e distribuição de terras.
Economia mais avançada da África, o país continua a ser um dos mais desiguais do mundo, de acordo com o Banco Mundial.