A Embaixadora dos Estados Unidos da América (EUA), Leslie Rowe, condecorou nesta quinta-feira a moçambicana Ana Maria Muhai com o Prémio da Secretária de Estado dos EUA “Mulher de Coragem 2011”.
Seropositiva há uma década, Ana Maria é activista de HIV e SIDA do Centro “DREAM” em Maputo, e a sua luta abnegada contra a discriminação das pessoas que vivem com o HIV em Moçambique valeu-lhe este prémio, criado em 2007 e que reconhece mulheres de todo o mundo que demonstraram coragem e liderança excepcional, para assinalar o Dia Internacional da Mulher (comemorado a 8 de Março).
“É um verdadeiro prazer estar convosco nesta cerimónia de dois dias antes de 7 de Abril, Dia da Mulher Moçambicana. Hoje, vamos anunciar a vencedora moçambicana para o ano 2012 do Prémio da Secretária de Estado Hillary Clinton para a Mulher Internacional de Coragem”, afirmou Leslie Rowe.
Seropositiva há 10 anos
A laureada, Ana Maria Muhai, é uma notável moçambicana mãe de oito filhos, cujo teste de HIV se revelou positivo há 10 anos, quando o HIV era amplamente visto como uma sentença de morte e antes da introdução dos anti-retrovirais em Moçambique. Após o seu diagnóstico, ela ficou preocupada, não sabia quem iria cuidar dos seus filhos, um potencial desafio que se tornou realidade quando o seu marido, um mineiro emigrante na África do Sul, a abandonou e à sua família.
“Eu pesava 29 quilos. Como negociante, ninguém comprava mais as minhas verduras ou as bebidas tradicionais que fabricava. As pessoas apontavam-me o dedo e diziam a todos para que não comprassem os meus produtos porque eu tinha SIDA. Os meus filhos não podiam assistir à televisão em casa do vizinho ou brincar com outras crianças na escola. As pessoas até dançavam no exterior da minha casa, entoando canções sobre o SIDA”, conta.
Apesar da discriminação imediata e intensa contra ela e os seus filhos, que começou logo depois do teste, ela surgiu como um dos primeiros moçambicanos a falar publicamente sobre o seu estado serológico. Em conjunto com algumas outras mulheres extremamente corajosas, a sua feroz determinação e a disposição para suportar o desprezo de estranhos e dos amigos fizeram dela uma líder no combate à discriminação contra as pessoas que vivem com o HIV em Moçambique.
Nos últimos dez anos, Maria Muhai liderou eventos de divulgação nas clínicas, escolas e outros locais públicos, participou de programas de rádio e televisão, escreveu artigos de opinião para jornais e pressionou o governo a tornar as campanhas nos meios de comunicação mais positivas.
Recorde-se que em 2010, o Prémio Mulher de Coragem foi atribuído à Alice Mabota, presidente da Liga dos Direitos Humanos de Moçambique.