Um alto funcionário nigeriano da FIFA disse à BBC que é inocente de alegações segundo as quais se oferecera para vender o seu voto na corrida à organização do Mundial de 2018.
Amos Adamu disse, em entrevista ao repórter desportivo da BBC, Farayi Mungazi, que saudava a investigação ordenada pela FIFA às alegações feitas contra ele. Repórteres do semanário britânico Sunday Times apresentaram-se como lobistas de um consórcio de companhias norte-americanas que queriam levar o torneio para os EUA.
Amos Adamu disse, alegadamente, que queria dinheiro para construir campos de futebol na Nigéria. Reynald Temarii, de Tahiti, que é o presidente da Confederação de Futebol da Oceânia, teria também, alefadamente, pedido pagamentos, no seu caso para financiar uma academia de futebol. Ele desmente a alegação, sugerindo que os seus comentários, gravados secretamente em vídeo pelo Sunday Times, haviam sido tirados do contexto.
Adamu e Temarii, ambos do comité executivo da FIFA, que integra 24 membros, foram suspensos pela organização por 30 dias. “O comité de ética da FIFA vai investigar isto de forma a permitir que todo o mundo saiba da verdade,” disse Amos Adamu à BBC, nas suas primeiras declarações públicas sobre o caso. “Não sou culpado do que me acusam, mas o comité de ética é um comité credível e a FIFA é uma organização credível. Tenho a certeza que se saberá toda a verdade. Saúdo isso.”
Amos Adamu, que é também presidente da União Oeste-Africana de Futebol, teria dito aos repórteres secretos que queria 800 mil dólares para construir quatro campos com relva artificial na Nigéria. Os 24 membros do comité executivo da FIFA vão decidir, por voto secreto, a 2 de Dezembro, quem deve organizar o Mundial de 2018.
Contudo, a FIFA estará também a investigar a Espanha, Portugal e o Qatar em ligação com alegada conivência em irregularidades para a votação para os Mundiais de 2018 e 2022. A Espanha e Portugal candidataram-se à organização conjunta do Mundial de 2018, enquanto o Qatar está a concentrar-se no torneio de 2022.
O conluio entre países candidatos é estritamente proibido pelos regulamentos da FIFA. Outras suspensões A seguir a uma reunião do comité de ética, quatro outros funcionários da FIFA – Slim Aloulou (Tunísia), Amadou Diakité (Mali), Ismael Bhamjee (Botswana) e Ahongalu Fusimalohi (Tonga) – foram também provisoriamente suspensos.
Todas as pessoas punidas estão proibidas pela FIFA de exercer qualquer actividade relacionada com o futebol, seja desportiva, administrativa ou de outra natureza. “Acreditamos que é crucial proteger a integridade do processo de escolha para os Campeonatos Mundiais de 2018 e 2022. Estamos determinados a ter tolerância zero com qualquer falha no Código de Ética [da FIFA]”, disse o presidente do comité de ética da FIFA, Claudio Sulser.
O comité vai reunir novamente em meados de Novembro para tomar uma decisão final sobre o assunto. Na Tunísia, a reacção foi de surpresa pelas alegações feitas contra o respeitado e influente Slim Aloulou, um antigo membro do comité executivo da FIFA. Ele presidiu a Federação Tunisina de Futebol em finais dos anos 70 e início dos anos 80, e continua sem comentar as alegações feitas.
Contudo, alguns tunisinos questionaram o seu envolvimento no escândalo. “Conheço Slim Aloulou muito bem e ele não poder ter feito isso,” afirmou Abdelmajid Chetali, que capitaneou a selecção tunisina no Mundial de 1978. “É inaceitável que ele seja atacado de forma tão violenta por uma certa imprensa.” Slim Aloulou, um bem-sucedido homem de negócios, serviu no comité executivo da FIFA de 1988 a 1994, antes de integrar várias comissões até à sua suspensão. Ele é também membro do comité executivo da Confederação Africana de Futebol e chefia a comissão de ética da União Árabe de Futebol.
A escolha do país-sede do Mundial de 2018 será entre países europeus, depois de os EUA terem retirado a sua candidatura. A Austrália retirou sua proposta em Junho. A Inglaterra vai disputar a organização do evento com a Rússia e com as candidaturas conjuntas da Bélgica-Holanda, e de Espanha-Portugal.