As instituições microfinanceiras afiliadas na AMOMIF (Associação Moçambicana de Operadores de Microfinanças) vão beneficiar de um programa de assistência técnica e financeira, disponibilizado pelo Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (FIDA), através do Projecto de Financiamento a Empresas Rurais (REFP). Esta assistência às entidades prestadoras de microfinanças consta de um acordo estabelecido entre a AMOMIF e o REFP, com um orçamento na ordem de 9,3 milhões de meticais para 2023.
“A aprovação deste programa resulta de negociações conduzidas pela direção da AMOMIF que tem vindo a defender a importância de uma indústria microfinanceira constituída por instituições formais, com boa governação e sustentabilidade, pois só assim se conseguirá edificar um sistema financeiro mais inclusivo”, disse António Souto, presidente do Conselho Directivo desta associação.
“Nas economias e sociedades comuns com grande peso do sector informal, a indústria microfinanceira tem um papel decisivo na inclusão financeira. Hoje, em Moçambique, é indispensável reforçar a entidade que agregue a voz e as necessidades dos microbancos e operadores de microfinanças. Sem isso, os prestadores de serviços microfinanceiros vão à falência ou optam por actuar em sistemas informais, fora de fluxos transparentes e regulados. Infelizmente, é isso que está a acontecer nos últimos anos. Os lavadores de dinheiro e os especuladores têm-se multiplicado. A AMOMIF tem um projecto para reverter este cenário”, acrescentou António Souto.
Através do presente projecto, financiado com recursos do FIDA, a AMOMIF inscreveu no seu plano o reforço das capacidades dos seus membros para operar de forma mais sustentável. Para 2023, prevê-se o financiamento de actividades como o desenvolvimento de competências e conhecimentos para o pessoal das instituições financeiras, a assistência às instituições financeiras na concepção de políticas e no desenvolvimento de instrumentos ou produtos financeiros, o estimulo às instituições financeiras a adoptar boas práticas e o aumento da abrangência das instituições financeiras para servir a população rural financeiramente excluída em particular através de instrumentos digitais.
A AMOMIF deu início, em 2022, a um projecto de modernização dos seus membros, subsidiando a aquisição e instalação de ferramentas informáticas de gestão de carteiras de crédito. Em 2023, esta facilidade vai ser estendida a mais instituições microfinanceiras.
“Estamos a implementar o plano estratégico da associação que prevê mudanças na organização, incluindo novos estatutos para acomodar promotores de associações de poupança a nível das comunidades e alterar a nossa estrutura de gestão, de forma a ter uma presença mais directa em todas as províncias. Temos também como objectivo criar condições para que os membros com boa governação possam ter facilidades de aceder a fundos de outras entidades em condições de poderem ser repassados às microempresas”, acrescentou António Souto.
“A Gapi-Sociedade de Investimentos tem uma experiência reconhecida no financiamento a instituições microfinanceiras. Contudo, a expansão e reforço destes serviços carece de meios financeiros adequados e um quadro legal regulatório apropriado para o sector”, concluiu o ex-PCA da Gapi, que tem vindo a dedicar-se ao relançamento da indústria microfinanceira, dirigindo a AMOMIF.