O ambiente de negócios em Moçambique está pior este ano em relação a 2009, onde causas ligadas à governação fizeram com que a capital, Maputo, fosse considerada o pior local para fazer negócios, segundo um estudo esta quarta-feira divulgado. A pesquisa da empresa de auditoria, KPMG indica que o índice do Ambiente de Negócios 2010 em Moçambique, decresceu 4,3%, para 101,5 porcento, comparativamente a 2009, mas subiu 1,5 porcento desde 2005, ano base para efeitos de computação dos índices.
No relatório esta quarta-feira lançado em Maputo indica-se que os serviços de comunicação, o fornecimento de energia e água foram os sectores que, isoladamente, contribuíram para a posição do índice de ambiente de negócios.
Finalmente Niassa em melhor posição
A província do Niassa, Norte, apresenta o melhor índice de negócios, com 115,8 porcento, depois de ter estado em penúltimo lugar em 2009, enquanto Maputo, capital moçambicana, Sul, regista a pior taxa, com 94,7 porcento.
“A posição alcançada por Niassa é justificada pela apreciação positiva dos factores de ordem legal e dos factores ligados à mão-de-obra”, mas os agentes económicos apontam “o crime organizado, o nível de criminalidade e o HIV/SIDA” como os principais constrangimentos ao ambiente de negócios.
“Em relação à província do Maputo, os factores ligados aos actos de governação e Governo e os ligados ao comércio são os que exercem influência negativa ao ambiente de negócios em 2010”, pelo que “o sector do comércio registou um abrandamento nos finais do ano passado”, refere a KPMG.
Principais causas deste cenário
Segundo a pesquisa, “este facto deveu-se ao declínio na procura de bens relacionado com a queda de compra da população em virtude da desvalorização da moeda nacional face às moedas dos principais parceiros internacionais” (o Rand e o USD).
Os factores que apresentam a pior classificação no ranking são: o nível de criminalidade, crime organizado e corrupção, proliferação do sector informal no país, que traz como consequência a competição desleal, sublinha a KPMG.
“Os principais factores que registaram o índice mais elevado estão ligados a infra-estruturas e serviços (112,4 porcento)”, nomeadamente “comunicações, fornecimento de água, energia e os transportes aéreos”, aponta.
“Esta percepção é consistente com o facto de que as infra-estruturas jogam um papel crucial na promoção do crescimento económico e aumento da produtividade, o que poderá contribuir para a redução dos níveis de pobreza no país”, adianta a pesquisa.
No entanto, destaca a KPMG, “os actos de governação e Governo, nomeadamente o nível de criminalidade, crime organizado, corrupção e excesso de burocracia na prestação de serviços públicos” são apontados como “principais factores que contribuíram para a deterioração das percepções sobre o ambiente de negócios em 2010”.
“A incidência do crime influencia a estrutura e nível de custos das firmas, não só pela perda de equipamentos e produtos devido a furtos ou roubos, mas também como reflexo dos custos na contratação de empresas de segurança e na compra de equipamentos apropriados de protecção”, considera a auditora.
A pesquisa sobre o Índice de Ambiente de Negócios é feita numa base anual, resultante de uma parceria entre a KPMG Moçambique, a Confederação das Associações Económicas, a Câmara do Comércio e Indústria e a África do Sul.