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Alerta laranja em Moçambique devido à seca e chuvas que afectam cerca de 200 mil pessoas

Alerta laranja em Moçambique devido à seca e chuvas que afectam cerca de 200 mil pessoas

Por esta altura em Janeiro de 2015 já estávamos em alerta vermelho de cheias felizmente, este no ano, só na sexta-feira(15) foi declarado o alerta laranja institucional. Contudo a época chuvosa, que ainda não regista cheias, já afectou mais de 22 mil pessoas, causando a morte de 33 moçambicanos, e a seca colocou em insegurança alimentar mais de 176 mil cidadãos. O Presidente Filipe Nyusi, tal como no ano passado demorou mais de um mês para visitar as vítimas das cheias, ainda não foi ver in loco o drama da seca.

Após apreciar a informação meteorológica – que indicava chuvas fortes (mais de 50 milímetros de precipitação em 24 horas) até esta segunda-feira(18) nas províncias de Niassa, Cabo Delgado, Nampula e Norte da Zambézia -, o relatório do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e a situação hidrológica – que refere baixos níveis de água na maioria das bacias hidrográficas e o leito seco do rio Limpopo, em Combomune, e do rio Save, em Massangena) – o Conselho Técnico de Gestão de Calamidades (CTGC) decidiu, em sessão ordinária, emitir o Alerta Laranja Institucional em Moçambique.

O Boletim Hidrológico Nacional prevê que nas próximas 48 horas, face a continuação de ocorrência de chuvas na região Norte do país, as bacias hidrográficas do Ligonha, Lúrio, Meluli, Montepuez, Megaruma, Muaguide, Messalo e Rovuma poderão registar incremento do volume de escoamento, mantendo-se em alerta a bacia do Messalo em Meangaleua e por isso as autoridades apelam “à população e a sociedade em geral, sobretudo vivendo nas zonas baixas dos rios Messalo, Megaruma e Muaguide para a tomada de medidas de precaução, evitando a travessia do leito dos rios”.

O Boletim da Direcção Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos, indica ainda que na região Centro, a bacia do Licungo, em Mocuba, poderá registar incremento do volume de escoamento.

De acordo com o CTGC foram afectadas pelas chuvas 22.133 pessoas, desde 1 de Outubro de 2015. Há registo de 3.290 casas parcialmente destruídas e de 1.103 totalmente danificadas, a maioria destas habitações são construídas em adobe, paus maticados e cobertas de caniços ou chapas de zinco.

Foto cedida pelo INGCAlgumas vias de rodoviárias estão a ficar intransitáveis como é o caso da estrada de terra batida que liga a cidade de Pemba e o distrito de Metuge, que se encontra-se interrompida, em virtude de as águas do rio Muaguide terem galgado e coberto uma ponte em construção no troço Muepane-Metuge.

A via é considerada vital para o desenvolvimento de Metuge, pelo que a Administração Nacional de Estradas (ANE) afectou uma equipa no local para tentar minimizar o impacto do isolamento dos dois pontos daquela parcela do país.

Tino Coutinho, director provincial das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, disse que para além do troço Muepane-Metuge, haverá trabalhos na estrada que dá acesso à sede do distrito de Mecúfi, onde as águas pluviais criaram uma enorme cratera, tornando difícil a transitabilidade, segundo a Rádio Moçambique.

Por seu turno as províncias de Gaza, Inhambane, Norte de Maputo e Sul de Sofala estão a ser afectadas pela seca que está a comprometer a produção agrícola, a causar a morte do gado e a colocar em risco de fome 176.139 moçambicanos.

“Moçambique é um dos Países mais expostos ao impacto e influência de fenómenos extremos como Ciclones, Cheias, Secas, Epidemias e Sismos”, é um “cliché” que consta em vários documentos do Governo que referem ainda que, entre 1980 e 2013, ocorreram de 12 eventos de seca, 24 eventos de cheias, 14 ciclones tropicais, 23 epidemias e um sismo no nosso país, por isso as calamidades naturais, ao contrários do que se pretende fazer crer, só são imprevistos de quem as prefere usar como desculpa em vez de proactivamente preveni-las: planos de ordenamento territorial, habitações em blocos, sistemas de retenção de água (sem serem grandes barragens) são algumas medidas que reduziriam em grande medida o drama do povo que todos anos é ciclicamente afectado por este fenómenos naturais e que, devido às mudanças climáticas, vão-se tornando mais frequentes e intensos.

Estas chuvas, ventos fortes e seca estão previstos no Plano Nacional de Contingência, aprovado em Novembro pelo Conselho de Ministros, e estima em cerca de 485 mil as pessoas que podem ser afectadas num “cenário é composto por ameaças de pequena magnitude que, embora sejam localizadas, têm efeitos destrutivo nas camadas populacionais mais vulneráveis.”

Refira-se que o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, ainda não visitou as regiões do Sul do país que estão a ser mais castigadas pela seca.

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