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Al Shabaab moçambicano desafia ministro do Interior e mata mais cinco civis e dois membros das FDS em Cabo Delgado

Al Shabaab moçambicano desafia ministro do Interior e mata mais cinco civis e dois membros das FDS em Cabo Delgado

Grafismo de Nuno TeixeiraDesafiando as Forças de Defesa e Segurança (FDS), que estão a ser comandadas em Cabo Delgado por uma brigada central liderada pelo ministro do Interior, o Al Shabaab moçambicano protagonizou novos ataques a aldeias do Norte do país, na segunda (11) e terça-feira (12), onde assassinou pelo menos mais cinco civis e dois militares elevando para 39 o número de mortos desde o passado dia 27 de Maio.

O grupo de criminosos atacou cerca da meia noite de segunda-feira (11) a aldeia de Changa, no distrito de Nagade, empunhado catanas e pelo menos uma rama de fogo tendo assassinado quatro cidadãos indefesos e queimado sete residências, reporta o jornal Mediafax.

Nas proximidades da mesma aldeia, de acordo com a agência de notícias Lusa, citando fontes das FDS, o Al Shabaab atacou ainda um acampamento de Forças de Defesa e Segurança, durante a noite de segunda-feira (11), e matou dois elementos das autoridades e deixou um outro ferido.

Com estes dois ataques este movimento denominado pelos locais de Al Shabaab, embora não tenha conexões com o grupo terrorista homónimo da Somália, espalhou o terror que tem protagonizado desde Outubro de 2017 para seis dos 15 distritos da província de Cabo Delgado, rica em recursos naturais como madeira, rubis, gás natural ou grafite.

Já na madrugada de terça-feira (12) o movimento terrorista, que académicos moçambicanos determinaram estar organizado em várias células de 10 a 20 homens, voltou a atacar no distrito de Macomia onde desde a meia noite do passado sábado (09) funciona um comando operacional aberto pelo ministro do Interior, Jaime Basílio Monteiro, que está na província desde a semana passada para “normalizar a situação de segurança e estabilidade das comunidades”.

“A nossa presença como Força de Defesa e Segurança é precisamente esta. Persegui-los até a exaustão, encontra-los e tornar Mucujo, Quiterajo, Quissanga e qualquer ponto da província de Cabo Delgado livre da acção criminosa desses malfeitores”, afirmou o ministro do Interior à jornalistas.

De acordo com jornalistas que acompanham Jaime Basílio Monteiro o comando operacional que integra “oficiais ao mais alto nível” tem em vista combater, todo e qualquer tipo de acção de desestabilização protagonizada por grupos de jovens que têm estado a matar pessoas indefesas, para além de destruir as suas habitações e outros bens.

Al Shabaab parece desafiar as Forças de Defesa e Segurança

Na semana finda foi anunciada a captura de três cidadãos que faziam parte do Al Shabaab. “Eu estava como bandido no mato. Então pensei e fugi do mato. Um dia eu perguntei (ao chefe), este trabalho é o quê ? E o chefe dos bandidos queria-me matar com catana. Os chefes chamam-se Aly Machud, Bonomar, Nuro, Kidjepéri, Ndzorógue de Tanzânia, chefe Hássane de Tanzânia, chefe Momad Ibrahimo”, disse à Rádio Moçambique Sumail Amade, um dos capturados.

No entanto o Al Shabaab parece desafiar as Forças de Defesa e Segurança reforçadas por “oficiais ao mais alto nível” e atacou a aldeia de Nathuko, no Posto administrativo de Quiterajo, onde decapitou um idoso, de acordo com fontes locais citadas pelo sitio ntatenda.com.

O porta-voz do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique, Inácio Dina, que há uma semana tranquilizou o povo afirmando que este movimento estava “fragilizado” na conferencia de imprensa desta terça-feira (12) não confirmou, nem desmentiu nenhum destes novos ataques, e disse que: “neste momento as Forças de Defesa e Segurança continuam com acções de consolidação e reposição do cenário de ordem e tranquilidades públicas naquelas comunidades que tiveram cenários de crime”.

Apesar do terror e dos consecutivos ataques nos distritos próximos à bacia do Rovuma onde encontram-se imensos jazigos de gás natural o Presidente do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos, Omar Mithá, assegurou que a instabilidade não afecta a construção da Vila de reassentamento de Afungi, em Palma, que é parte do bilionário empreendimento de Liquefação de gás natural liderado pela empresa norte-americana Anadarko na Área 1.

Porém, na semana passada, a embaixada dos Estado Unidos da América em Moçambique recomendou aos cidadãos americanos residentes ou de passagem pelo distrito de Palma a abandonarem o local imediatamente e disse estar informada da possibilidade de ataques iminentes na região.

Questionada pelo @Verdade sobre uma eventual suspensão das suas actividades e que medidas de segurança teriam sido tomadas em face da escalada da violência a Anadarko apenas respondeu: “Levamos muito a sério qualquer potencial ameaça à segurança dos nossos colaboradores e continuamos a monitorar de perto a situação na área de Palma. A nossa principal prioridade continua a ser a segurança dos nossos colaboradores e, por essa razão, não discutimos detalhes das nossas medidas de segurança”.

As embaixadas de Portugal e do Canadá também alertaram aos seus cidadãos para evitarem a província de Cabo Delgado e, nesta terça-feira (12), foi a vez do Reino Unido advertir aos cidadãos para evitarem viajarem para os distritos de Palma, Mocímboa da Praia e Macomia devido a um aumento de ataques por “grupos ligados ao extremismo islâmico”.

Silencioso continua o Presidente de Moçambique e Comandante em Chefe das Forças de Defesa e Segurança, Filipe Nyusi, que nem sequer pêsames apresenta aos familiares dos pelo menos 39 moçambicanos já assassinados desde 27 de Maio último.

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