Os militantes islâmicos estão a financiar-se cada vez mais com sequestros e é provável que o braço da Al Qaeda no norte da África tenha obtido dezenas de milhões de dólares com resgates nos últimos anos, disse uma autoridade do Tesouro norte-americano.
Os Estados Unidos estimam que as organizações militantes tenham recebido 120 milhões de dólares na última década, incluindo os resgates pagos à Al Qaeda no Magreb Islâmico (AQIM, na sigla em inglês), disse David Cohen, subsecretário do Tesouro para o terrorismo e inteligência financeira.
O sequestro para a obtenção de resgate é uma “ameaça urgente”, em especial no Sahel, o cinturão de território abrangendo quase uma dúzia dos países mais pobres do mundo na região ao sul do Saara, disse Cohen a jornalistas em Berlim, esta Terça-feira.
“Trata-se do que tornou-se talvez a técnica mais desafiadora e de mais rápido crescimento que as organizações terroristas, em particular as afiliadas à Al Qaeda no norte da África e no Iémen, têm usado para financiarem-se nos últimos anos.”
Cohen afirmou que o resgate médio subiu nos últimos anos e está na faixa dos 5 milhões de dólares por pagamento. “Portanto, é uma ameaça crescente e de facto bastante urgente, em especial no norte da África, no Sahel e em Mali em particular, onde a AQIM conseguiu proclamar o domínio sobre um grande território.”
A AQIM surgiu do conflito civil na Argélia e expandiu-se para o sul até o Saara, tornando-se mais conhecida nos últimos anos com ataques e sequestros de ocidentais.
Os grupos militantes aproveitam-se dos lapsos na segurança na região, enquanto os países fazem a transição de anos de ditadura para governos mais democráticos.
Numa viagem de uma semana que inclui paradas na Grã-Bretanha, na França, na Alemanha e na Itália, Cohen afirmou que estava a conversar com outros governos na esperança de desenvolver uma abordagem unificada para o problema dos sequestros.
Embora o governo norte-americano tenha uma política de não pagar resgates, alguns governos europeus fazem isso.