A Al Qaeda confirmou esta sexta-feira que Osama bin Laden está morto, e prometeu realizar mais ataques contra o Ocidente em vingança. O anúncio contradiz dúvidas, especialmente no mundo islâmico, de que os EUA tivessem realmente matado o militante saudita.
Em nota divulgada na Internet, a Al Qaeda disse que divulgará em breve uma mensagem deixada por seu fundador. Aparentemente, o grupo tenta mostrar aos seguidores espalhados pelo mundo que a organização irá sobreviver sem seu líder. O texto diz que o sangue de Bin Laden, que foi morto no domingo por forças especiais norte-americanas no Paquistão, “é precioso demais para nós e para cada muçulmano para ser derramado em vão”. “Ele ficará, com a permissão de Alá, o Todo-Poderoso, como uma maldição que assombra os norte-americanos e seus colaboradores, e que os persegue dentro e fora do seu país”, afirma o comunicado.
O grupo fez um apelo particularmente aos paquistaneses para que se rebelem contra seu governo — aliado dos EUA — e “limpem” o país da vergonha causada pela ação militar norte-americana, e “da sujeira dos americanos que espalham a corrupção” no Paquistão. A nota também alerta os EUA a não profanarem o corpo de Bin Laden, e para entregar o cadáver dele e de outros militantes às suas famílias — isso apesar de os EUA terem dito que o corpo de Bin Laden foi jogado ao mar, e que nenhum outro cadáver foi retirado do local da ação.
As tensões entre Washington e Islamabad por causa da ação que matou Bin Laden continuam elevadas. Um avião teleguiado dos EUA matou 17 supostos militantes no noroeste do Paquistão, e os militares paquistaneses fizeram um alerta contra a intensificação desses ataques dentro do seu território. Na cidade de Quetta, no sudeste paquistanês, cerca de 1.500 ativistas islâmicos foram às ruas prometendo vingança pela morte de Bin Laden. Houve pequenos protestos em outros lugares.
No Afeganistão, um porta-voz do grupo Taliban disse que “o martírio do xeique Osama bin Laden nos dará um novo ímpeto na atual jihad contra os invasores”. Uma fonte paquistanesa de segurança disse que uma das esposas de Bin Laden, Amal Ahmed Abdulfattah, declarou a autoridades locais que o militante passou cinco anos vivendo na casa onde foi morto, perto de importantes instalações militares paquistanesas.
Muitas autoridades norte-americanas suspeitam que havia conivência dos militares do Paquistão com a presença de Bin Laden, e cresce no Congresso dos EUA a pressão para que o governo suspenda ou pelo menos reveja sua ajuda ao Paquistão.