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Agricultores deixam de produzir tomate

Alguns agricultores do distrito de Chókwè, província de Gaza, Sul de Moçambique, deixaram de produzir tomate por esta cultura não ser rentável, segundo disse esta sexta-feira o Ministro da Agricultura, Soares Nhaca. “Alguns produtores tinham créditos bancários e ficaram prejudicados com a variação do preço do tomate no ano passado e, este ano, abandonaram esta cultura em detrimento de outras”, reconheceu o governante, falando em conferência de imprensa convocada para anunciar a realização na próxima semana do Fórum sobre Agro-Negócio em Moçambique.

Segundo o Ministro, os principais factores que influenciam negativamente a cultura de tomate têm a ver com a variação do preço do produto nos mercados, principalmente no da capital do país, Maputo, e a ocorrência de chuvas acima do normal. Mas o factor mais determinante é o preço do tomate: “nos últimos anos, os produtores chegaram a vender a caixa de 20 quilogramas de tomate ao preço de cinco meticais (0,1 dólar) na altura do excesso de oferta”, disse Soares Nhaca.

Nhaca não precisou as quantidades de tomate produzido em Chókwè, mas sabe-se que, durante o período de pico da colheita, este distrito chega a abastecer a cidade de Maputo com uma média diária de 20 toneladas. Entretanto, esta oferta só perdura durante seis meses e, o resto do ano, o mercado nacional fica totalmente dependente do tomate sul-africano. Para as autoridades, a solução para este problema passa pela existência de uma indústria de processamento de tomate.

A AIM perguntou ao Ministro se uma indústria seria viável considerando que Chókwè não produz tomate durante todo o ano (uma das razões disso é a limitada capacidade de produção de plântulas), tendo ele respondido que a existência dessa unidade poderá encorajar os agricultores a produzirem durante todo o ano.

“Quando falamos de Agroprocessamento, estamos a falar das condições de refrigeração e processamento e isso permitiria que todo o tomate fosse absorvido e os rendimentos seriam maiores para os produtores”, explicou ele. Esta medida não só se aplica ao tomate, mas a todo tipo de culturas de rendimento. O milho, por exemplo, é processado e transformado em farinha de milho, mas também pode servir para produzir ração.

Nhaca reconhece haver um certo período do ano em que há um certo excesso de oferta de produtos frescos, incluindo hortícolas, situação que afecta o preço de venda desses bens. Por isso, as autoridades da Agricultura esperam que o Fórum sobre Agro-Negócios, que se realiza nos dias 01 e 02 de Setembro próximo, em Maputo, venha a encorajar os diversos sectores de actividade a apostar no Agro-Negócio, particularmente na componente de conservação e processamento de culturas.

“Nós queremos que o Agro- Negócio seja praticado por pequenos, médios e grandes produtores, todos eles contribuírem para alavancar a produção e o desenvolvimento da agricultura no país”, disse o Ministro. No geral, com este fórum, o primeiro do género a ser realizado em Moçambique, o Ministério da Agricultura (MINAG) pretende promover o agro-negócio no país, através da exploração e mapeamento de oportunidades existentes para o desenvolvimento desta actividade.

Dos vários temas a serem debatidos consta “Contribuição do Agro-Negócio nas Exportações do país”, “O papel da Indústria Avícola no desenvolvimento do agro-negócio”, “A produção de cereais e hortícolas”, entre outros. Um estudo recentemente realizado em Moçambique indica que a maior parte do Fundo de Desenvolvimento Local (FDL) é alocado para financiar projectos da área da agricultura. O FDL é o montante dos sete milhões de meticais atribuídos a cada um dos 128 distritos do país para financiar iniciativas destinadas a produção de comida e geração de emprego.

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