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Afrobasket sub-18: “Mesmo sem competições” Moçambique conquista a medalha de bronze

Afrobasket sub-18: “Mesmo sem competições” Moçambique conquista a medalha de bronze

A selecção nacional de basquetebol na categoria de sub-18 conquistou no passado mês de Setembro a medalha de bronze no Campeonato Africano da categoria que teve lugar na capital egípcia, Cairo, entre os dias 19 e 28 de Setembro. O seleccionador nacional, Leonel Manhique, declarou que o terceiro lugar não refl ecte o actual estágio da modalidade da “bola ao cesto” em Moçambique.

À partida para aquele evento desportivo, Moçambique era considerado outsider por ter calhado num grupo dos candidatos ao título, designadamente Angola, Mali e Costa de Marfim, mas as meninas de Leonel Manhique provaram que mesmo sem competições, desde Maio do ano em curso, tinham condições para lutar por um dos lugares do pódio.

A preparação

De acordo com o seleccionador nacional, a equipa preparou- se para esta competição durante seis meses, dois quais dois sob a sua batuta. Nestes, ele apostou mais no trabalho táctico e técnico para melhorar os aspectos defensivos e ofensivos, imprescindíveis para o sucesso de uma equipa de basquetebol.

“Peguei na seleção dois meses antes do arranque da competição e durante este período procurámos incutir nas atletas uma mentalidade de guerreiras, ou seja, serem exímias a atacar assim com a defender, porque só assim podíamos superar os nossos rivais durante a competição. Encontrei a equipa já feita, restava-me apenas trabalhar com as atletas que já estavam selecionadas”

Como forma de ganhar algum ritmo competitivo, a equipa nacional participou em alguns torneios organizados na capital do país e fez alguns jogos com algumas equipas masculinas que militam no Campeonato da Cidade de Maputo.

“Treinar sem competir não basta para uma equipa que vai participara numa prova internacional, como forma de minimizar a falta de competições no país, em particular na cidade de Maputo. Efectuámos alguns jogos com as equipas de juvenis, em masculinos, do Maxaquene, Ferroviário de Maputo e Liga Muçulmana. Além de defrontar as equipas masculinas participámos em diversos torneios organizados por algumas empresas. Com estas competições conseguimos preparar a equipa, minimamente, para o Afrobasquet“

A competição

No certame, que teve lugar na capital egípcia, Cairo, o sorteio quis que Moçambique integrasse o grupo A, a par das selecções da Angola, Costa de Marfim e Mali crónicas candidatas à conquista do título. Na jornada inaugural, o combinado nacional teve pela frente a campeã em título, Mali e uma das melhores escolas de basquetebol do continente africano. As meninas de Leonel, na primeira parte, lutaram de igual para igual, mas na segunda etapa a capacidade física das malianas veio ao do cima e o combinado nacional perdeu por trinta pontos de diferença, ou seja, 60 a 30.

A pesada derrota diante das malianas não abalou a equipa nacional. No jogo seguinte, Moçambique derrotou a Costa do Marfim por 47 a 22 e alcançou a primeira vitória na prova. Já na terceira e última jornada da primeira fase, Moçambique mediu forças com Angola para decidir qual das duas formações seguiria para a fase seguinte. As meninas de Leonel Manhique triunfaram pela marca de 58 a 42 e garantiram o apuramento para a segunda fase.

“Logo na primeira ronda jogámos com a campeã em título, fizemos uma excelente primeira parte mas na segunda, por falta de trabalho de ginásio, não conseguimos acompanhar o ritmo do nosso rival na etapa complementar. Acabámos por perder, mas nas jornadas seguintes conseguimos vencer a Costa do Marfim e Angola o que nos garantiu um lugar na fase seguinte.”

Duas derrotas e igual número de vitórias garantem a sexta medalha de bronze

A segunda fase foi disputada no clássico sistema de “todos contra todos” numa única volta, sendo que os primeiros dois classificados se iam defrontar na finalíssima e o terceiro e quarto iriam lutar pela medalha de bronze. Tal como aconteceu na primeira fase, Moçambique voltou a averbar uma derrota na jornada inaugural, desta vez diante da anfitriã, Egipto, por 68 a 51. Na ronda seguinte, combinado nacional foi derrotado pelo Mali por sete pontos de diferença, ou seja, 55 a 48.

No terceiro e último jogo desta fase, as meninas de Leonel Manhique venceram a formação da Argélia pela marca de 62 a 41. Com o saldo de duas derrotas e uma vitória, Moçambique ocupou a terceira posição na segunda fase e não conseguiu apurar-se para a final, restando-lhe apenas lutar pela medalha de bronze e voltando a defrontar a Argélia. Nesta partida, apesar do equilíbrio registado, o combinado nacional ganhou por 51 a 48, conquistando, assim, a sexta medalha de bronze neste escalão.

“O terceiro lugar não reflecte o estágio em que a modalidade se encontra no país”

Para o seleccionador nacional, Leonel Manhique, a medalha de bronze conquistada em Cairo, capital do Egipto, não reflecte o estágio que a modalidade da “bola ao cesto” atravessa no país, visto que a mesma tem de se desenvolver na alta competição assim nas camadas de formação.

“Ganhámos a medalha de bronze, mas isso não reflecte o estado em que a modalidade se encontra no país. Ainda temos um longo caminho por percorrer porque pouco se investe na formação dos atletas. Temos jogadores com 18 anos com várias lacunas e isso mostra que pouco se investe na formação de jogadores no país assim como na alta competição. Os nossos dirigentes deviam apostar mais na formação para o bem do nosso basquetebol”, disse.

Atletas felizes com o terceiro lugar

Alcançar um terceiro lugar no Campeonato Africano não é tarefa para qualquer um, mas Moçambique conseguiu esta façanha pela sexta vez no certame realizado em Cairo. Para Neidy Ocuane, capitã do combinado nacional, a medalha de bronze premiou o trabalho que o combinado nacional fez antes desta competição e mostrou-se feliz pela conquista. “Sabíamos que teríamos pela frente grandes equipas e perdemos com o Mali na jornada inaugural.

Mas o nosso treinador incutiu em nós a convicção de que nada estava perdido e acreditámos que podíamos chegar à fase seguinte. Este terceiro lugar é o corolário do trabalho que fizemos antes desta competição” Por seu turno, Eleutéria Balate afirmou que o grupo fez por merecer a terceira posição, mas salienta que o combinado nacional, com mais tempo de preparação, teria alcançado a final.

“Estou feliz com a conquista da medalha de bronze. Mostrámos que, apesar das dificuldades que o basquetebol enfrenta em Moçambique, temos um conjunto capaz de ombrear com as melhores selecções do continente africano”. Importa referir que o grosso das atletas que conquistaram a medalha de bronze em Cairo esteve no último Campeonato Africano de sub-16, realizado em Maputo, em 2013, em que Moçambique ocupou, também, a terceira posição.

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