A selecção nacional de basquetebol sénior masculina não conseguiu orgulhar o país no Campeonato Africano da modalidade, prova que tem lugar na capital da Costa do Marfim, Abidjan, desde o passado dia 20 de Agosto até ao próximo sábado (31). Depois da vitória no primeiro jogo, Moçambique perdeu as restantes partidas que poderiam garantir a aspiração de uma melhor classificação final. No jogo dos últimos os nossos rapazes até venceram a Argélia mas termiram o Afrobasket na 11ª posição.
Foi uma vitória sofrida. O conjunto comandado por Milagre Macome entrou bastante ansioso no primeiro confronto, diante da República Centro-Africana, factor que lhe custou derrotas nos dois primeiros períodos por 17-8 e 22-19. Mas, no terceiro e penúltimo tempo, os moçambicanos entraram dispostos a mudar o rumo dos acontecimentos, liderados pela tripla António Matos, Octávio Magoliço e Custódio Muchate que ajudou a recuperar a desvantagem, vencendo até ao intervalo por 12-28.
No último quarto, com o marcador a registar 51 a 55 a favor de Moçambique, a República Centro-Africana tentou, em vão, correr atrás do prejuízo, conseguindo, no mínimo, um empate a 15 pontos. António Matos foi o melhor marcador de Moçambique com 13 pontos, enquanto a dupla Custódio Muchate e Octávio Magoliço teve o mesmo número de ressaltos, oito para cada um.
O esforço físico tramou a selecção nacional
Na quinta-feira (22), ou seja, no terceiro dia do certame, Moçambique defrontou a sua congénere de Angola, num jogo em que o esforço físico foi levado até ao extremo pelos pupilos de Milagre Macome. A falta de rodagem vingou neste confronto. Mas o grande destaque vai para o erro cometido pela organização que tocou uma canção que não tem nada a ver com o hino nacional.
Nos primeiros instantes da partida, o combinado nacional revelou altos índices de precipitação factor que, jogados apenas três minutos, perdendo por 3 a 6, obrigou Macome a pedir um tempo de desconto. No regresso, a selecção angolana mudou completamente de abordagem de jogo, privilegiando a pressão alta sobre Moçambique que exibiu sérias dificuldades para reter a bola e encontrar espaços para os passes.
Depois de muita “luta”, os angolanos cederam e Moçambique conseguiu, a dois minutos e 37 segundos do fim do primeiro tempo, estar na frente do marcador, vantagem que durou pouco tempo, pois Rage Moore, no contra-ataque seguinte, fez um triplo para o 11-13 a favor de Angola. A dois minutos do fim, Moçambique não soube tirar proveito do limite de faltas que a selecção angolana havia atingido, saindo a perder por uma diferença de três pontos.
No segundo período, os jogadores da selecção nacional entraram destemidos e, diga-se, aproveitaram o ligeiro cansaço dos angolanos para implantarem o seu basquetebol. Angola tirou o pé do acelerador e Moçambique explorou o jogo exterior em que se destacou, nesta etapa, Sílvio Letela que fez quatro triplos.
A nossa selecção ganhou por 24 a 20, indo ao intervalo com uma vantagem mínima de 38 a 37. Uma segunda parte em que vingou o esforço físico A distracção, a desorganização e a precipitação voltaram a tomar conta da equipa de Milagre Macome no reatamento da partida.
Em apenas dois minutos, a selecção nacional não soube ter o domínio de bola. O angolano Carlos Morais, audacioso nos lances triplos, fez com que, em tão pouco tempo, o marcador registasse 38-47 a favor da sua equipa.
Neste período, Augusto Matos ainda tentou liderar os seus colegas no jogo transversal. Fez um triplo, um afundanço e marcou outros pontos. Tudo em vão. Nada podia deter os rivais que terminaram o terceiro tempo com uma vantagem de nove pontos.
O quarto e último período foi apenas para confirmar o que já se dizia nos bastidores: a falta de rodagem e o próprio aspecto físico dos jogadores moçambicanos seriam os seus primeiros adversários, e não os angolanos, estes que só passearam a classe. Entre triplos, afundanços, brilhantes jogadas no interior e lançamentos de meia distância, Angola marcou 31 pontos contra apenas 22 de Moçambique, selando as contas do confronto em 73 a 91.
Sílvio Letela foi o melhor marcador de Moçambique com 12 pontos, numa partida em que David Canivete se destacou como um “ressaltador” por excelência com um total de seis. O angolano Carlos Morais foi o melhor “pontuador” do embate com 16.
Uma oportunidade deixada “voar”
No derradeiro confronto da fase de grupos, a selecção nacional enfrentou a sua congénere de Cabo Verde. Moçambique não teve forças para lutar pela segunda posição e perdeu por uma diferença de 12 pontos. 65 a 53 foi o resultado final.
Neste confronto, destacou-se o gigante Walter que converteu os primeiros quatro pontos do jogo para a selecção de Cabo Verde, que até ao intervalo vencia por 35 a 27, depois de terminar o primeiro período com um resultado favorável de 16 a 13.
No final do terceiro período, os cabo-verdianos continuavam a comandar por 46-41, vantagem confirmada no quarto e último período. Com este resultado, Moçambique qualificou-se na terceira posição para os oitavos-de-final, onde teve pela frente a selecção dos Camarões na tarde de última segunda-feira (26).
Neste confronto, os moçambicanos, diga-se, só estiveram em campo somente no primeiro período em que conseguiram igualar o marcador a 14 pontos. No segundo período, Moçambique não conseguiu manter o ritmo do primeiro, tendo marcado apenas sete pontos contra 21 dos Camarões. 35 a 22 foi o resultado que as duas colectividades levaram ao intervalo.
Já na segunda parte, ou seja, no terceiro tempo, a turma camaronesa dominou totalmente o jogo, saindo com uma vantagem de 21 pontos. Na derradeira etapa, os jogadores da selecção nacional estiveram desnorteados e comportaram-se como se de uma equipa de bairro se tratasse a meio de um torneio recreativo, patenteado desorganização e desconcentração.
Os Camarões aproveitaram, diga-se, para se treinarem para o seu próximo jogo, vencendo por 75 a 42, resultado que colocou Moçambique a lutar pelo nono lugar.
Neste confronto, a selecção nacional teve um registo de 28 perdas de bola, 24 faltas cometidas, converteu seis dos 28 lançamentos triplos e ganhou apenas 29 ressaltos.