A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, instou a África, esta Quarta-feira (1), a retomar o compromisso com a democracia, declarando que as “velhas formas de governar” não podem mais funcionar num continente que apresenta um crescimento económico saudável e cidadãos cada vez mais capacitados.
Hillary iniciava uma visita a sete países da África e elogiou os seus anfitriões no Senegal por superarem as tensões para realizar as eleições em Março, nas quais o presidente Macky Sall derrotou Abdoulaye Wade.
As eleições reforçaram as credenciais do país como uma das democracias mais estáveis do continente.
Mas ela disse que a democracia na África muitas vezes fica para trás, apesar de décadas de progresso económico.
“Ainda há muitos africanos a viverem sob domínio de governantes autocráticos que importam-se mais em manter o seu poder do que promover o bem-estar dos seus cidadãos”, disse Hillary num discurso na Universidade de Cheikh Anta Diop, de Dacar, observando que os golpes e regimes longos reduziram a contagem de democracias eleitorais totais no continente de 24 em 2005 para 19 em 2012.
“As velhas formas de governo não são mais aceitáveis. É hora de os líderes aceitarem a responsabilidade, tratar o seu povo com dignidade, respeitar os seus direitos, e entregar oportunidades económicas. E se eles não vão (fazer isso), então é hora de eles saírem”, afirmou ela.
A ordem constitucional foi restaurada no Níger e na Guiné após golpes recentes, enquanto Benin, Cabo Verde, Libéria, Nigéria, Zâmbia e Togo realizaram eleições confiáveis, ano passado.
Mas Hillary alertou que são preocupantes os caminhos adoptados pelo Mali e Guiné-Bissau, afirmando que o último corria o risco de tornar-se “dependente” de traficantes de drogas da América Latina.
A viagem de Hillary pela África, sua quarta como secretária de Estado dos EUA, visa reforçar a mensagem de Washington de que os mercados abertos e democracias constitucionais proporcionam o alicerce mais firme para o futuro de África, disseram as autoridades norte-americanas.
Ela também espera promover os Estados Unidos como uma alternativa à influência económica e política da China, que vem crescendo rapidamente à medida que o governo chinês agressivamente corteja os países africanos para ganhar acesso aos recursos madeireiros, minerais e de petróleo do continente.