O Tribunal Superior de Delmas, na África do Sul, adiou, nesta segunda-feira (11), o julgamento dos noves polícias acusados de assassinar o taxista moçambicano Mido Macia, em Fevereiro último, em virtude de os advogados terem manifestado indisponibilidade em continuar a defender aos seus réus, alegadamente por falta de pagamento pelos serviços prestados. E ameaçaram deixar de assisti-los caso o problema não seja resolvido. Assim, ao contrário do que estava programado, o julgamento não teve lugar nesta segunda-feira e só será retomado de 26 de Maio a 14 de Junho de 2014, no mesmo tribunal.
Segundo os advogados dos nove agentes da corporação, para além de estarem suspensos das suas funções, os seus salários estão congelados e não têm dinheiro para pagar aos seus defensores. Os seus familiares estão igualmente desprovidos de meios. Por isso, os visados submeteram um pedido ao Sindicato Nacional dos Polícias da África do Sul para que esta entidade assuma as despesas do julgamento.
Entretanto, o sindicato negou custear as tais despesas supostamente porque os agentes da corporação em causa têm uma conduta abominável nem merecerem qualquer tipo de ajuda monetária por terem morto Mido Macia. Todavia, os advogados disseram que até a próxima sessão de julgamento vão angariar fundos para ajudar os seus constituintes.
Refira-se que desde o início do processo em alusão, os advogados dos noves polícias são acusados de estarem a fazer manobras dilatórias para baralhar o esquema do julgamento com o intuito de evitar que os réus sejam condenados, pois, uma vez que os acusados estão em liberdade condicional, pouco importa a urgência do desfecho do caso para eles.
Relativamente a esse assunto, José Nascimento, advogado da família de Mido Macia, considerou, também, a atitude da defesa dos nove agentes da polícia sul-africana uma manobra para atrasar o desfecho do julgamento, uma vez que os réus já estão em liberdade condicional.
Enquanto isso, há uma pressão exercida por um grupo de moçambicanos que querem ver os nove polícias punidos criminalmente, pois acredita-se que os mesmos são culpados pela morte do jovem.
Nesse contexto, na altura em que o Tribunal Superior de Delmas tratava do processo com os advogados os réus, alguns moçambicanos que vivem na África do Sul manifestavam-se do lado de fora exigindo a condenação dos visados.
Recorde-se que os nove agentes da lei e ordem sul africanos – Meshack Malele, Thamsanqa Ncema, Percy Mnisi, Bongumusa Mdluli, Sipho Ngobeni, Lungisa Gwababa, Bongani Kolisi, Linda Sololo e Moteme Ramatlou – estão em liberdade condicional e declararam-se inocentes. Os agentes alegam em sua defesa que Mido Macia havia resistido a detenção, o que culminou com o excesso de zelo por parte da polícia.

