A guerra sem quartel contra emigrantes ilegais na África do Sul prossegue sem tréguas. Na semana finda 210 emigrantes moçambicanos foram deportados, a partir do centro de trânsito de Lindela, em Joanesburgo. Só no mês em curso já foram repatriados 674 moçambicanos em situação ilegal na África do Sul, e outros 639 haviam sido em Agosto.
Os emigrantes são detidos em operações da Polícia apoiada por militares em vários cantos do país desde Abril passado após quase três semanas de manifestações públicas de cidadãos sul-africanos a mandarem os estrangeiros regressarem aos seus países de origem, vandalização de pequenas lojas pertencentes a imigrantes, e ataques brutais que causaram pelo menos oito vítimas mortais, entre elas cidadãos moçambicanos.
Em simultâneo, a África do Sul colocou militares ao longo das suas fronteiras com países vizinhos para travar a migração ilegal, mas muita gente consegue entrar sem problemas, devido à corrupção nas fronteiras.
Na província de Kwazulu-Natal quase todos os emigrantes ilegais detidos passam por julgamento nos tribunais locais. O facto foi revelado à rádio Voz da América por Herculano Numaio, emigrante moçambicano que trabalha no Ministério sul-africano da Justiça como intérprete das línguas portuguesa e xangana nos tribunais.
A economia mais pujante da África Austral, com uma população de cerca de 50 milhões de pessoas, é o lar de cerca de cinco milhões de imigrantes, muitos deles ilegais, que são apontados pelos sul-africanos como os responsáveis pelas altas taxas de criminalidade do país e pelas dificuldades sociais em que vivem.
Residiam ilegalmente no início de 2015, segundo as autoridades sul-africanas, mais de 800 mil zimbabweanos, 400 mil moçambicanos e 300 mil congoleses.
Não foi possível apurar que enquadramento o Governo moçambicano está a dar aos milhares de moçambicanos que estão a ser deportados da África do Sul para onde tinham partido em busca de trabalho que não encontram no nosso país.