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Afastada, Presidente do Brasil reafirma ser alvo de golpe e diz que lutará para voltar ao cargo

A Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, afastado do cargo nesta quinta-feira reafirmou que acredita ser vítima de golpe e que lutará até o fim para voltar ao comando do Executivo, classificando o processo de impeachment contra ela de uma “farsa jurídica e política” e negando ter cometido qualquer irregularidade para justificar o seu impedimento.

“Posso ter cometido erros, mas jamais cometi crimes”, disse Dilma na sua última fala antes de deixar o Palácio do Planalto, logo após receber a notificação da decisão do Senado.

Dilma afirmou que vai lutar “com todos os instrumentos legais de que disponho” para exercer seu mandato até o fim. O Senado aprovou mais cedo nesta manhã a abertura do processo de impeachment contra Dilma, que agora fica afastada da Presidência da República por até 180 dias.

O aval para andamento do processo foi dado por 55 votos a favor e 22 contra, e agora o vice-presidente Michel Temer, do PMDB, assume interinamente a Presidência.

No pronunciamento à imprensa, Dilma estava acompanhada de 26 dos seus ministros e assessores mais próximos, incluindo todos os do seu partido, além de Nelson Barbosa (Fazenda), Eugénio Aragão (Justiça) e o embaixador Mauro Vieira – todos exonerados.

A presidente afastada chegou ao salão Leste do Planalto às 11h15 horas e falou por 15 minutos. “O que está em jogo no processo de impeachment não é apenas o meu mandato, o que está em jogo é o respeito às urnas, a vontade soberana do povo brasileiro e a Constituição”, disse Dilma, repetindo um mantra usado desde a aceitação do pedido de abertura de processo de impeachment contra ela pela Câmara dos Deputados, em Dezembro.

“O que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos, os ganhos das pessoas mais pobres e da classe média”, acrescentou, referindo-se ao governo do PT.

Dilma é acusada de crime de responsabilidade por atrasos de repasses do Tesouro ao Banco do Brasil por conta do Plano Safra, as chamadas pedaladas fiscais, e pela edição de decretos com créditos suplementares sem autorização do Congresso.

Para a defesa, as pedaladas não constituíram operação de crédito junto a instituições financeiras públicas, o que é vedado pela lei, e os decretos serviram apenas para remanejar recursos, sem implicar em alterações nos gastos totais.

“Tratam como crime um ato corriqueiro de gestão… Meus acusadores sequer conseguem dizer que ato teria praticado”, afirmou Dilma. “Jamais, em uma democracia, o mandato legítimo de um presidente eleito poderá ser interrompido por atos legítimos de gestão orçamenal.”

Nas suas últimas horas como Presidente, Dilma saiu do Palácio do Alvorada pouco após às 9h30 (hora local) para esperar no seu gabinete o senador Vicentinho Alves (PR-TO), primeiro-secretário da Mesa do Senado, com a sua intimação de afastamento. Pouco antes, deputados e senadores do PT e do PcdoB chegaram ao Planalto para acompanhar a saída de Dilma.

O senador encarregado de comunicar oficialmente à Presidente que precisaria deixar o cargo chegou ao Planalto perto das 11h da manhã (hora local), pela garagem, depois de ficar vários minutos preso no engarrafamento na Esplanada dos Ministérios. Do lado de fora do Planalto, alguns milhares de manifestantes aguardavam a saída da presidente afastada, em um último ato de apoio ao governo que termina.

Dentro do Planalto, os rostos demonstravam a tristeza e a decepção pelo resultado do processo no Senado. Uma senhora, com um buquê de rosas vermelhas para Dilma, não conseguiu conter o choro. Dilma, logo após seu pronunciamento, desceu para o primeiro andar do Planalto e saiu pela porta da frente.

Foi até a ponta da rampa, onde um púlpito foi montado para que fizesse um último discurso para apoiantes. De lá, Dilma vai de carro até o Alvorada, onde continuará morando até o fim do processo de impeachment.

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