Quantidades não especificadas de carne de animais caçadas nas matas da Reserva de Maúa, uma viatura do Estado e uma arma de fogo foram encontrados no acampamento de Felisberto Muterua, administrador do distrito de Chimbunila, na província do Niassa, e o visado está em liberdade, pese embora tenha assumido, diante das autoridades policiais, ser o mandante do abate premeditado de tais animais cuja espécie não foi revelada.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) no Niassa deteve, em conexão com o caso, mais cinco pessoas que usam armadilhas tradicionais para a caça furtiva, a mando de Felisberto Muterua, que alegou ter mandado abater os animais em causa porque precisava de carne para levar ao distrito de Cuamba, onde ia gozar a sua licença disciplinar.
Um dos indivíduos detidos salientou à Polícia que a arma pertencia ao administrador, o qual era o mandante do grupo de caçadores. Sobre outros três cidadãos pesa a acusação de serem os carregadores da carne dos animais já abatidos para o acampamento de Felisberto Muterua.
No total a Polícia deteve nove pessoas cujos processos correm os trâmites legais, enquanto o administrador continua em liberdade alegadamente por questões éticas, uma vez que ele “é o representante do Governo e do Estado” em Chimbunila, segundo o porta-voz da PRM, no Niassa, Simão Mate, em declarações à Rádio Moçambique.
Todos os instrumentos usado na caça e a carne foram recolhidos pela Polícia. Muterua só prestou depoimento no Comando Distrital de Maúa.
Refira-se que a caça furtiva no Niassa tem ocorrido perante o olhar cúmplice de quem, por direito, além de criar, deve fazer cumprir a lei. A impunidade de que goza o administrador de Chimbunila, um infractor confesso, pode ser um exemplo pragmático da falta de uma mão dura para travar o mal naquele ponto do país. Aliás, a própria Polícia, que alega questões ética para não deter Muterua, tem sido acusada de fornecer armas de fogo aos caçadores furtivos.
