Os activistas sírios disseram, esta Quinta-feira, que ficaram chateados com os e-mails que pareciam mostrar o presidente da Síria, Bashar al-Assad, e sua esposa a comprarem música pop e artigos de luxo, enquanto o país sofre com o derramamento de sangue.
O jornal britânico The Guardian disse que obteve cerca de 3 mil e-mails de Assad e de sua esposa Asma.Os e-mails, nem todos verificados pelo jornal ainda, mostraram Assad a obter conselhos com o Irão sobre como conter a revolta de um ano contra o seu governo que já custou milhares de vidas.
Os e-mails também revelaram Asma, nascida na Grã-Bretanha, a comprar colares de joias de Paris, e Assad a fazer download de músicas, o que, na opinião dos activistas, mostra o desapego da família governante a uma crise que está a arrastar a Síria para a beira duma guerra civil e colapso económico.
“Ele estava a baixar músicas do iTunes, enquanto o seu Exército estava a atacando-nos. A sua esposa estava a comprar coisas caras da Amazon, isso faz-me sentir nojo”, disse um activista chamado Rami, em Homs.
Coração da rebelião, Homs foi bombardeada por forças armadas que estão a tentar derrotar os rebeldes na cidade depois de destruírem o se reduto no bairro de Baba Amr, mês passado.
Um combatente do grupo rebelde “Brigada Farouq”, em Homs, disse que ficou confortado em ver Assad a lutar para lidar com a situação.
Um e-mail da esposa de Assad afirmava: “Se somos fortes juntos, vamos superar isso juntos”.
Outros mostraram que ele estava a confiar no principal aliado regional da Síria, o Irão, e nos consultores da imprensa na busca de conselhos.
“Uma coisa boa é que isso é um sinal claro de que Assad percebe a bagunça em que ele está metido”, disse o combatente, de nome al-Homsi.
“Mas sem surpresa, como esperávamos, ele realmente não parece importar-se com quantos do seu povo morrem para ele poder manter o seu trono.”
Poucos activistas tinham esperança de que os e-mails teriam um impacto sobre os muitos sírios que não aderiram à oposição.
“Ninguém vai ouvir sobre isso na Síria. Depois de amanhã eles serão esquecidos … os sírios não estão a ler muito”, disse Ayman Abdel Nour, um ex-assessor de Assad, que deixou a Síria em 2007.
“A questão é que o governo sírio vai simplesmente ignorar isso. Eles não vão negar ou reconhecer e as pessoas que assistem à televisão estatal síria ficarão alienadas”, disse Abdel Nour, falando de sua casa, em Dubai.