A existência de explosivos, plantados durante a guerra civil (1976-92), está a comprometer as patrulhas de efectivos da guarda de fronteiras em Moçambique, na linha fronteiriça em Manica, centro, de acordo com fonte da corporação.
Francisco Amisse, comandante do 3º regimento da força de guarda-fronteira em Manica, assumiu que a existência de engenhos explosivos ao longo da linha fronteiriça, que separa Moçambique do Zimbabué, tem retraído patrulhas nas zonas minadas, facilitando o contrabando de diversas mercadorias.
“Temos a cautela de evitar o envio de patrulhas para zonas minadas, embora estejam identificadas e notificadas a direcção da desminagem. Neste momento, preocupa-nos a violação da fronteira e contrabando pela população de ambos países” disse Francisco Amisse.
Contrabando
De Moçambique para o Zimbabwe, disse, estão a ser contrabandeados fardos de sapatos, roupa usada e bebidas. Já do Zimbabwe para Moçambique, a polícia está a enfrentar o problema de contrabando de cigarros (em toneladas) para abastecer o país e a vizinha África do Sul.
As policias da guarda-fronteira de Moçambique e do Zimbabué reuniram-se semana passada, em Manica, para traçar uma estratégia para desminar a área e reafirmar a fronteira que divide aqueles dois países, para uma maior presença e actuação das patrulhas, e retrair violações e contrabando.
“Estamos envolvidos no trabalho de identificar os pontos onde a fronteira não esta nitidamente traçada, através de líderes influentes temos as informações exactas ou aproximadas dos limites fronteiriços. Nas áreas em que as ‘farmas’ (fazendas) e quintas são cortadas ao meio notificamos as direcções respectivas para a solução do problema”, explicou.
Segundo o Instituto Nacional de Desminagem (IND), em Manica cerca de três milhões de metros quadrados de terra estão ainda por ser desminados. Trabalhos já feitos, permitiram a libertação de cerca dois milhões de metros quadrados de terra que, outrora, estavam cobertos de engenhos explosivos.
Os cerca de três milhões de metros quadrados de terras por desminar correspondem à 37 campos de minas existentes na província, onde se espera a entrada em funcionamento, brevemente, de mais uma companhia de desminagem, que deverá se juntar à organização Halo Trust, apoiada pelo governo nipónico.
Felex Daud, delegado regional da zona centro do IND, assinalou avanços nos trabalhos de desminagem em Manica, particularmente em locais onde estão implantadas infraestruturas sociais e económicas de grande vulto, como a cintura da barragem de Chicamba, central eléctrica de Mavúzi e, ao longo da fronteira, a linha férrea de Machipanda-Beira.