O presidente da França, Nicolas Sartkozy, sofreu esta quinta-feira um duro revés pessoal com a absolvição de seu principal adversário de direita, o ex-primeiro-ministro Dominique de Villepin, no caso Clearstream. A decisão do tribunal correcional de Paris, que julga delitos penais, acaba com as incertezas que pesavam sobre o futuro político de Villepin, que aspira ser candidato à presidência nas eleições de 2012.
Villepin, ex-primeiro-ministro do presidente Jacques Chirac (1995-2007), e outras quatro pessoas foram acusados de tramar um plano que consistia em falsificar listas de contas bancárias na sociedade financeira luxemburguesa Clearstream nas quais aparecia o nome de Sarkozy com seu patronímicos “Stephane Bocsa” e “Paul de Nagy”, entre outras personalidades.
Em compensação, o matemático Imad Lahud, acusado de falsificar essas listas, foi considerado culpado de cumplicidade em denúncia caluniosa e condenado a três anos de prisão. O ex-vice-presidente da construtora aeronáutica europeia EADS e ex-conselheiro da chancelaria francesa Jean Louis Gergorin, que enviou as listas à justiça francesa, foi considerado culpado por denúncia caluniosa e condenado a três anos de prisão.
O ex-auditor da empresa Arthur Andersen, Florian Bourges, foi declarado culpado por abuso de confiança e o jornalista Denis Robert, que no momento dos fatos trabalhava para o jornal Liberation, foi absolvido. Sarkozy, que, ao explodir o escândalo no fim de 2006, havia prometido “pendurar o responsável num gancho de açougue”, era um dos 41 autores civis do processo contra Villepin.
O atual presidente francês, que participou do processo na qualidade de vítima, foi representado por seu advogado durante o julgamento, que começou no dia 21 de setembro e terminou em 23 de outubro. “Não guardo mágoas, não tenho rancor. Quero me voltar para o futuro, servir os franceses e contribuir à recuperação da França num espírito de união”, declarou Villepin, 56 anos.
Sarkozy informou que não recorrerá da decisão. O ex-primeiro-ministro (2005-2007), um dos cinco réus no caso Clearstream, era acusado de ter participado em 2004 de uma manipulação para desacreditar o então ministro Sarkozy, que era na época seu adversário nas primárias da direita para a eleição presidencial de 2007. “Estou aqui pela vontade de um homem, Nicolas Sarkozy. Sairei livre e absolvido, em nome do povo francês”, havia clamado Villepin no primeiro dia do julgamento.
Afirmando aguardar a decisão do tribunal com “serenidade”, Villepin não escondia mais suas ambições presidenciais para 2012. “Aconteça o que acontecer, vou continuar”, sentenciara há vários meses. Sarkozy, que está com a popularidade em baixa e que foi afetado por uma série de polêmicas nos últimos meses, ainda vai ter que lidar com o crescimento de seu maior rival.