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A ntyiso wa wansati – E se a vida fosse isto?

A ntyiso wa wansati - Finais felizes

E se a vida fosse isto? Tu chegas sempre depressa, vens a voar baixinho todos os dias na minha direcção, como desde a primeira vez em que te puxei. Não estavas à espera que eu fosse assim, foste a maior surpresa da minha vida, disseste-me entre duas piadas. Fazes-me rir muitas vezes, deve ser por isso que quando falas a sério consigo perceber que és mesmo tu, muito mais tu do que quando te sentas a escrever disparates que fazem rir multidões. O riso é o segredo universal do nosso entendimento. Há outros segredos, guardados no cheiro, no toque, em tudo o que pensamos quando não estamos juntos, nas tardes intermináveis em que conversamos como velhos amigos enquanto nos olhamos à espera do momento certo para dar o próximo passo.

Não estamos habituados a isto, nem tu nem eu somos assim, sempre fizemos tudo o que nos passou pela cabeça, poucas vezes parámos para pensar, mas agora é diferente, porque a vida não é isto, mas gostávamos que fosse e é por isso que adiamos o momento certo que pode ser quando quisermos, um dia destes, com certeza. O mais difícil já temos, equilíbrio e confiança, mesmo que nenhum saiba o que quer, para onde vai e como lá chegar. Olho para ti e também não sei o que te faça, só sei que me fazes bem e que te quero por perto. Nunca percebi a natureza dos homens, a vida só me ensinou a aceitar as diferenças que reconheço mas não explico, apesar de viver a decifrar os sinais da vida.

Vejo em ti defeitos que em outros homens me fariam recuar de forma irreversível e que em ti me fazem apenas pensar que se fosse homem se calhar era como tu. A tolerância é uma virtude que se aprende da pior forma. Com vinte anos achamos que somos donos do mundo, aos trinta instalam-se as dúvidas existenciais e quando os quarenta se aproximam e percebemos que o mundo à nossa volta se encolhe, voltamos à base, riso e entendimento, é como se voltássemos às tardes de Verão com bombas na piscina, o prazer dos primeiro charros, tostas mistas e iogurtes líquidos, tu deitado numa espreguiçadeira a cobiçar-me as pernas e o peito e eu a olhar para ti e a pensar que se a vida fosse isto, com altos e baixos, momentos melhores e piores, fazias-me feliz, tão feliz como quando tinha 18 anos e me apaixonei por um miúdo parecido contigo que também me fazia rir como tu.

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