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A mão da @VERDADE – Paula

Depois de casarem o último dos seus cinco filhos, Paula contou para o marido que o encontro deles não tinha sido casual, como ele pensava. -Que encontro? -O nosso. Há 50 anos. -Eu sempre desconfiei que você tinha planeado tudo, para me fisgar – disse Osmar, rindo. Mas Paula estava séria. -Não planeei nada. Planearam por mim. -Quem? -Eu tinha ordens para me infiltrar na sua vida.

Casar com você, se fosse preciso. Acompanhar você em tudo, me informar sobre todas as suas actividades e passar a informação para eles. -Eles quem? -O meu casamento com você não foi um casamento, Osmar. Foi uma missão. Osmar começou a rir de novo. Parou quando viu que Paula continuava séria. -Mas, Paula, você sempre foi uma esposa perfeita. Perfeita! -E você nunca desconfiou disso?

Uma mulher que fazia todas as suas vontades? Que nunca contrariou você em nada? Uma mulher perfeita? Eu estava apenas protegendo o meu disfarce. -Mas… E os nossos cinco filhos?! -Sempre que eu desconfiava que você estava perdendo interesse em mim e no nosso casamento engravidava.

Para não comprometer a missão. -Você também foi uma mãe perfeita! -Sou uma boa profissional. -Como é que você mandava a tal informação? -A princípio fazia relatórios escritos e deixava em locais predeterminados. Depois comecei a registar tudo electronicamente neste aparelhinho que eles me deram. -Quer dizer que você nunca foi surda desse ouvido? -Sempre ouvi perfeitamente dos dois. Gravava tudo, depois colocava a fita no local que tinha combinado com eles.

-Mas eles quem?! -Pois é… -Como, “pois é”? -Eu não me lembro mais quem eram eles. Na última vez que levei uma fita para o tal lugar secreto, a fita anterior não tinha sido recolhida. A tal missão deve ter sido desactivada e não me avisaram. -Você já não se lembra para quem trabalhava? -Não. -E o que é que eles queriam saber a meu respeito? -Também não me lembro. -Paula, Paula… -Bom, pelo menos educámos os nossos filhos. Estão todos casados e bem encaminhados na vida. -Missão cumprida. -Missão cumprida. -Boa noite, Paula. -Juraci… -O que é? -”Paula” era codinome.

OXIMORO (Da série “Poesia numa dessas horas?!”) Oximoro é uma frase que se contradiz, Como silêncio eloquente, Ilustre desconhecido, fogo amigo e inimigo fiel.

Ou, claro, Coco Chanel.

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