A integrante da banda russa Pussy Riot recém-liberada da prisão, Yekaterina Samutsevich, disse que os seus protestos contra o governo de Vladimir Putin teriam de ser “mais espertos” e que lutaria para libertar as companheiras da banda que ainda encontram-se detidas.
Numa das suas primeiras entrevistas desde que um juiz suspendeu a sua sentença de dois anos, Quarta-feira (10), Yekaterina, 30 anos, disse que estava a tentar lidar com a atenção do público e com o controle maior por parte das autoridades.
“Quero continuar as acções da Pussy Riot, mas isso significa que tenho que ser mais cuidadosa e mais esperta”, disse à estação de rádio Echo Moskvy.
“Tens que entender que todas as tuas conversas estão a ser ouvidas e os teus e-mails estão a ser lidos”, disse Yekaterina, que passou o tempo na prisão a ler livros do filósofo esloveno Slavoj Zizek e do pensador francês Michel Foucault.
Na entrevista, ela fez fortes críticas ao governo Putin, dizendo que a administração havia se aproximado muito da Igreja Ortodoxa Russa.
Yekaterina, Maria Alyokhina, 24, e Nadezhdha Tolokonnikova, 22, foram condenadas em Agosto a dois anos de prisão por cantar uma “oração punk” na principal catedral de Moscovo.
Elas foram processadas ??por vandalismo motivado por ódio religioso. Yekaterina disse que as mulheres não tinham intenção de ofender os fiéis.
“Estamos a tentar atrair a atenção das pessoas… para a fusão entre a igreja e as autoridades governamentais, e conseguimos isso. Atraímos a atenção das pessoas para isso e, além do mais, o mundo inteiro está a falar sobre isso.”
Yekaterina disse também que as mulheres planeavam levar o seu caso ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos.
Questionada sobre se faria tudo de novo, ela disse que não teria escolha. “Sim, claro, porque na época não poderia ter ficado em silêncio. Foi uma situação inaceitável”, afirmou.