O declarante e antigo Presidente do Conselho de Administração (PCA) dos Aeroportos de Moçambique (ADM), José Solomone Cossa, disse na terça-feira, em tribunal, ter deixado a casa protocolar em que vivia, a tempo e em perfeitas condições de habitabilidade.
Cossa, que liderou os destinos dos ADM por dois mandatos consecutivos, explicou ao tribunal que, contrariamente ao que vem sendo propalado, ele abandonou esta mesma casa entre dois e três meses depois de ter cessado as funções de PCA. O regulamento dos ADM diz que o PCA cessante tem direito de permanecer na residência protocolar até seis meses, depois da cessão oficial das suas funções.
Porém, segundo a acusação do Ministério Público, o co-réu e ex-PCA dos ADM, Diodino Cambaza, e sucessor de Cossa, teria dado instruções para se reabilitar a sua residência particular situada na avenida São Mamed, na cidade da Matola, alegadamente porque o seu antecessor teria ficado, na residência protocolar, muito mais tempo do que devia. Ainda mais, segundo a acusação, Cambaza, com o propósito de usar o dinheiro dos ADM para a satisfação de interesses pessoais e alheios a empresa, decidiu também mandar reabilitar a casa protocolar alegando que a mesma não estava em condições de ser habitada.
“A casa se encontrava em condições de ser habitada e com mobiliário em dia. Aliás, eu vivia lá”, disse, por sua vez, Solomone Cossa. Depois das afirmações de Cossa, o Ministério Público solicitou ao tribunal a audição em declarações do antigo Secretário-geral dos ADM, António Gabriel, pessoa que recebeu a casa protocolar das mãos de Salomone Cossa. Esta casa, apesar de ser protocolar, tinha sido alugada pelos ADM na Administração do Parque e Imobiliário do Estado (APIE), segundo Cossa.
Ainda na terça-feira, o tribunal ouviu, também na qualidade de declarante, Samuel Manhique, gestor financeiro da Moçambique Car Rental (AVIS), que disse que não chegou de ser executado, em definitivo, o “leaseback” da viatura de marca “Audi A6”, pertencente aos ADM e que tinha sido cedida ao ex-Ministro dos Transportes e Comunicações (MCT) e co-réu, António Munguambe.
De acordo com Manhique, o “leaseback” não chegou a se efectivar devido a algumas irregularidades que ocorreram, como é o caso da não entrega, por parte dos ADM, do título de propriedade da mesma viatura. Este declarante disse que a AVIS nunca teve um contacto directo com o ex – Ministro manifestando vontade de ficar com esta mesma viatura, via leasing ou através de uma outra modalidade qualquer.
O julgamento do caso do roubo de mais de 54 milhões de meticais nos ADM continua quarta-feira com a audição de mais declarantes. Neste caso são julgados cinco co-réus, dois dos quais estão em liberdade condicional.

