A chanceler alemã Angela Merkel afirmou que seu país jamais esquecerá a ajuda de seus dos norte-americanos na queda do Muro de Berlim há 20 anos, citando em particular os ex-presidentes republicanos Ronald Reagan e George Bush pai.
“Senhoras e senhores, para dizer em uma só frase, eu sei, nós alemães sabemos, o quanto devemos a vocês, nossos amigos norte-americanos. E nunca esqueceremos, pessoalmente nunca esquecerei”, disse Merkel em um discurso solene no Congresso americano, uma honra reservada aos grandes aliados dos Estados Unidos. Merkel também prestou homenagem às vítimas do Holocausto e das perseguições nazistas. Denunciando “um rompimento com a civilização”, Merkel mencionou as seis milhões de vítimas, judias em sua maior parte, assassinadas pelos nazistas na Alemanha entre 1933 e 1945.
Citando o 60º aniversário da adopção da Constituição da Alemanha Ocidental, em 1949, a chanceler considerou que esse texto fundamental era “uma resposta à catástrofe da Segunda Guerra Mundial” e “ao assassinato de seis milhões de judeus, e ao ódio, à destruição e à aniquilação que a Alemanha infligiu à Europa e ao restante do mundo”. Merkel lembrou que a data de 9 de Novembro, que marcará o 20º aniversário da queda do Muro de Berlim, será também o aniversário da “Noite de Cristal” de 1938, quando os nazistas se apropriaram das propriedades judaicas em toda a Alemanha.
A Noite de Cristal deixou “uma marca indelével” na história alemã, indicou Merkel. “Nesse dia, os nazistas pilharam e destruíram sinagogas, as incendiaram e mataram inúmeras vítimas. Esse foi o início daquilo que se tornaria o rompimento com a civilização”. “Não posso ficar aqui diante de vocês hoje sem prestar uma homenagem às vítimas desse dia”, disse.
Pouco antes, a chanceler alemã e o presidente norte-americano Barack Obama deram uma indicação aos jornalistas dos temas que deverão abordar: Afeganistão, no dia seguinte à reeleição de Hamid Karzai à Presidência e no momento em que Obama deve decidir se enviará reforços ao país; mudanças climáticas, um mês antes da conferência internacional de Copenhague; crise nuclear iraniana; e a crise económica. Obama não economizou elogios a sua hóspede, parabenizando-a por sua recente reeleição e ressaltando que é justo que Merkel tenha sido convidada a discursar no Congresso.
Sobre as questões económicas ou a proliferação nuclear, “eu sempre achei Merkel reflexiva, enérgica, com uma visão vigorosa da maneira de se proceder no futuro”, disse. “Merkel foi uma dirigente extraordinária em relação às mudanças climáticas”, declarou, sem mencionar as divergências de norte-americanos e europeus sobre a maneira de se combater o aquecimento global. Quanto à aliança entre Estados Unidos e Alemanha, “ela é um pilar extraordinário das relações transatlânticas”, declarou.
“A Alemanha foi uma aliada extraordinariamente forte em toda uma série de questões”, declarou. Ele agradeceu aos soldados alemães pelo seu “sacrifício” no Afeganistão. O aniversário da queda do Muro de Berlim representa “um momento particular para Merkel, que cresceu na Alemanha Oriental e entende o que é a vida sob um regime ditatorial”, disse. É também a oportunidade de constatar “o quanto a liberdade prosperou na Alemanha e como ela se tornou um elemento central de uma União Europeia extraordinariamente forte”.