Claude Lévi-Strauss, considerado o pai da antropologia moderna, morreu na sexta-feira passada, aos 100 anos de idade, informou na terça-feira o professor Philippe Descola. Descola, que sucedeu Lévi-Strauss na liderança do Laboratório de Antropologia Social do Colégio da França, revelou à AFP que o autor de “Tristes Trópicos” (1955) – um dos grandes livros do século XX – foi enterrado na véspera, na cidade de Lignerolles, no oeste da França, onde tinha uma residência.
Em suas mais de 30 obras, Claude Lévi-Strauss propôs uma nova abordagem dos mecanismos socioculturais, aplicando a análise estrutural às Ciências Humanas. Nascido em Bruxelas no dia 28 de Novembro de 1908, Claude Lévi-Strauss, catedrático de Filosofia, leccionou durante dois anos na França. Em 1935, mudou-se para o Brasil para ministrar aulas na recém-fundada Universidade de São Paulo.
No Brasil, entrou em contacto com populações indígenas e organizou missões etnográficas em Mato Grosso e na Amazónia. De volta à França, foi mobilizado em 1939 para combater na Segunda Guerra Mundial. Mas no ano seguinte foi liberado devido a sua origem judaica. Se refugiou então nos Estados Unidos e ensinou em Nova York. Após a guerra, em 1946, foi nomeado conselheiro cultural da embaixada da França. Em 1949, obteve o cargo de vice-director do Museu do Homem de Paris.
A partir de 1950 ocupou a cátedra de Religiões comparadas dos povos sem escrita da Escola de Altos Estudos de Paris e, em 1959, a de Antropologia Social do Colégio da França. Foi o primeiro etnólogo eleito membro da Academia Francesa, em 1973. Entre suas principais obras estão “Estruturas elementares do parentesco” (1949), “Antropologia estrutural” (1958), “Pensamento selvagem” (1962), os quatro tomos da série “Mitológicas” (publicados entre 1964 e 1971) e, certamente, “Tristes trópicos”, a mais famosa delas. Casado pela terceira vez em 1954, Lévi-Strauss tinha dois filhos.