As neves do Monte Kilimanjaro, o pico mais alto de África, estão diminuindo rapidamente e poderão desaparecer dentro de 20 anos devido ao aquecimento global, alerta um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
A camada de gelo que cobria o Kilimanjaro em 1912 era 85% inferior em 2007 e desde 2000 diminuiu 26%, afirmaram os paleoclimatologistas responsáveis pela pesquisa. A descoberta aponta para o aumento da temperatura no planeta como a provável causa da perda de gelo. Mudanças na nebulosidade e nas precipitações podem ter tido um papel no processo, apesar de menos importante, especialmente nas últimas décadas.
“É a primeira vez que os pesquisadores calculam o volume de perda nas áreas de gelo congeladas da montanha”, indicou o co-autor Lonnie Thompson, professor de ciências da Terra da Universidad de Ohio. “Se observada a porcentagem de volume perdido desde 2000 contra a área perdida à medida que diminui o gelo, os números são muito próximos”, afirma o estudo.
Enquanto que a perda anual das geleiras montanhosas é mais visível pelo recuo de suas margens, Thomson afirma que é igualmente preocupante a diminuição do gelo da superfície. Os cumes tanto do Norte e do Sul do Kilimanjaro sofreram uma redução de 1,9 e 5,1 metros, respectivamente. A pequena geleira Furtwangler, que estava derretendo em 2002, se reduziu em 50% entre 2000 e 2009. “Perdeu a metade de sua espessura”, explicou Thomspon.
“No futuro, haverá um ano em que veremos o Furtwangler e no ano seguinte terá desaparecido completamente”. Mas os cientistas acrescentaram que não acharam evidência de derretimento constante em nenhuma das mostras de camada de gelo extraídas, que datam de 11.700 anos. Eles afirmam que seu derretimento demonstra que as atuais condições climáticas vividas pelo Kilimanjaro são únicas nos últimos 11 milênios.