A missão de Observadores do Fórum Parlamentar da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) repudia as declarações de Afonso Dhlakama, líder da Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, segundo as quais tenciona incendiar o país e tomar o poder a força no caso de fraude. Dhlakama fez estas declarações minutos após a sua chegada à cidade nortenha de Nampula, onde reside actualmente, quando convidado pela imprensa local a comentar sobre os resultados que iam sendo divulgados pelos órgãos eleitorais.
Na ocasião, o líder da Renamo disse que a tolerância chegou ao fim. “Vamos reconhecer os resultados se perdermos justamente, mas não se alguém nos fizer perder. Acabou a paciência em Moçambique”, disse Dhlakama. O coordenador das actividades da missão de observadores do Fórum Parlamentar da SADC disse, no último sábado, que se os partidos políticos não estiverem satisfeitos com os resultados devem procurar instituições próprias para expor suas preocupações.
No caso concreto de Moçambique existe o Conselho Constitucional (CC), que tem a última palavra nos assuntos relacionados às eleições. “Não deve haver este tipo de pronunciamentos inflamatórios. Como boa prática eleitoral, os partidos políticos que não estiverem satisfeitos com os resultados devem recorrer às instituições próprias onde esses assuntos podem ser arbitrados” disse Chiviya, falando durante a sessão de perguntas e respostas depois da apresentação do seu parecer sobre as eleições de 28 de Outubro último em Moçambique.
O pronunciamento de Dhlakama, feito um dia depois da votação, contrasta com as declarações que fizera em Maputo, depois de votar. No dia 28 Dhlakama afirmou que aceitaria quaisquer resultados das eleições, alegando que “é chegado o momento de Moçambique mostrar ao mundo que em África é possível realizar-se eleições sem turbulência”. Dhlakama disse ainda que “África deve começar também a ter cultura de que quem ganhou, ganhou, e quem perdeu, perdeu. Não podemos repetir a história do Zimbabwe e dos outros países, porque não ajuda em nada para no nosso continente”.
Na ocasião, o líder da Renamo sublinhou que estava confiante na vitória, porque durante a campanha eleitoral os moçambicanos mostram a sua simpatia pelo seu partido. Os resultados eleitorais provisórios mostram que Afonso Dhlakama e o seu partido estão em grande desvantagem a favor da Frelimo, partido no poder, e seu candidato, Armando Guebuza, sendo que nalguns pontos, chega a ter menos votos que o recém-criado Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e seu candidato, Daviz Simango.