Novos confrontos entre muçulmanos e policiais israelenses foram registrados neste domingo na Esplanada das Mesquitas, local sagrado para o islã e o judaísmo, na Cidade Velha de Jerusalém. Os incidentes são os mais graves desde que a tensão voltou a reinar na esplanada e em alguns bairros árabes de Jerusalém no fim de setembro.
A calma voltou à noite à Cidade Velha, segundo a polícia. O Crescente Vermelho informou que 24 palestinos ficaram feridos. Mais de 100 jovens se refugiaram em uma mesquita da esplanada, segundo a polícia, antes de deixar o local. Além disso, 19 manifestantes foram detidos, incluindo o ex-ministro palestino para Jerusalém Hatem Abdelqader, preso por “incitar a violência”, e a esplanada está fechada até nova ordem, anunciou a polícia.
Desde o fim de setembro, a situação é explosiva na área e em alguns bairros árabes de Jerusalém, onde quase diariamente são registrados confrontos entre jovens palestinos e policiais. “Mobilizamos forças na Cidade Antiga de Jerusalém em resposta pelas convocações feitas por judeus e muçulmanos do movimento islâmico”, declarou Dudi Cohen, chefe de polícia israelense.
“Vamos agir com mão firme contra os que provocam distúrbios e contra os que estimulam a violência”, advertiu Cohen. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, afirmou que Israel deve parar com os “atos de provocação”. “Jerusalém é uma linha vermelha que não deve ser ultrapassada. Pedimos à comunidade internacional que pressione o governo israelense para acabar com os atos que incendeiam a região”, afirmou o porta-voz do governo palestino, Nabil Abu Rudeina.
Em resposta aos ataques com pedras, a polícia dispersou os palestinos com bombas de efeito moral. “A polícia afirma que os fiéis jogam pedras como pretexto para atacar. Quer apenas justificar seus crimes”, acusou Kamal Jatib, do Movimento Islâmico Árabe Israelense. O movimento radical palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza, advertiu que Israel seria “considerado responsável por esta perigosa agressão que afeta a integridade de cada muçulmano”.
A Organização da Conferência Islâmica condenou a “violação de todos os santuários muçulmanos” pela polícia israelense. A polícia reforçou a vigilância na Cidade Antiga de Jerusalém após os chamados para “defender a Esplanada da Mesquitas” feitos por palestinos e árabes israelenses.
Segundo as rádios israelenses, o dispositivo de segurança foi implementado em previsão a um ato em Jerusalém da associação ultranacionalista “Eretz Israel Shelanou” (“A Terra de Israel é Nossa”). Esta organização, apoiada por rabinos e deputados de extrema direita, tem como objetivo convencer os judeus a “assumir” a Esplanada das Mesquitas.
A esplanada, onde se encontram a mesquita de Al-Aqsa e a Cúpula da Rocha, é o terceiro local sagrado do islã, depois de Meca e Medina. Também é o local mais sagrado para os judeus, que o chamam de Monte do Templo. O conflito ganhou força em setembro, quando os palestinos protestaram contra a invasão do local por judeus extremistas, ato negado pela polícia.
Uma visita à Esplanada das Mesquitas de Ariel Sharon, líder da oposição de direita na época, provocou em 28 de setembro de 2000 a segunda Intifada.