O Governo do Malawi assumiu publicamente que agentes da polícia daquele país vizinho invadiram o território moçambicano, em Agosto ultimo, tendo, com recurso a armas de fogo, destruído o posto e material de trabalho e bens pessoais, da polícia de guardafronteira de Caloca, no distrito de Ngauma, na província nortenha do Niassa. Fonte do Governo malawiano, citada pela Rádio Moçambique (RM), revelou que, depois de analisado o assunto pela Comissão de Defesa e segurança dos dois países, o Executivo do Malawi decidiu assumir a responsabilidade por ter concluído que agentes policiais seus foram protagonistas de tudo quanto aconteceu em Ngauma.
Assim, o Governo malawiano garante que não se tratou de nenhuma declaração de guerra contra Moçambique, mas sim de um acto de indisciplina por parte dos agentes de Lei e Ordem do Malawi, pelo que promete tomar medidas punitivas severas contra os infractores assim como medidas preventivas.
Em face deste reconhecimento de culpa, o Malawi compromete a reconstruir o posto policial, como também todo o material destruído na altura dos acontecimentos, incluindo um pedido formal de desculpas ao Governo e Povo moçambicano por este incidente, como acto demonstrativo da política de não violência que norteia a cooperação entre os dois países.
A decisão de se criar uma comissão de inquérito, para investigar o caso, foi tomada pelos ministro de Defesa dos dois países, Filipe Nyussi e Sidik Mia, de Moçambique e Malawi respectivamente, em Setembro ultimo, como única forma de identificar com precisão, as circunstâncias em que o ataque ocorreu e responsabilizar os seus mentores.
Moçambique e Malawi são separados por uma linha fronteiriça com cerca de 1592 quilómetros de extensão e tem pontos de contacto entre os dois países nas províncias de Tete, Niassa e Zambézia.