O balanço dos primeiros 26 dias do Estado de Emergência em Moçambique não é bom: “a suspensão das aulas, o cumprimento é bom, entretanto a permanência dos estudantes no domicílio, que é o objectivo fundamental não parece ter o impacto desejado”, avaliou o ministro Armindo Tiago que reportou ao Presidente Filipe Nyusi que “existe ainda muito movimento de pessoas ao nível das vias públicas e nas nossas estradas”. Diante destas constatações, e embora só exista transmissão activa do novo coronavírus na Província de Cabo Delgado, o Chefe de Estado deverá estender as medidas de prevenção da propagação da covid-19 para o mês de Maio.
Faltando menos de 3 dias para o término do primeiro Estado de Emergência de sempre na História de Moçambique o Chefe de Estado reuniu, nesta segunda-feira (27), a sua Comissão Técnico-Científica para Prevenção e Resposta da covid-19 para fazer o balanço das medidas de nível 3 que estão a ser implementadas desde o passado dia 1 de Abril.
O ministro da Saúde, que lidera a Comissão, começou por avaliar a decisão de suspensão de vistos de entrada e cancelamento dos que estavam emitidos, “o grau de implementação é bom mas ainda persiste algum fluxo de passageiros, particularmente de companhias como a Ethiopian, trazem passageiros que estão retidos no exterior mas, as vezes, trazem outros passageiros”. Um fluxo que só é baixo porque as principais companhias aéreas internacionais que voavam para Moçambique deixaram de o fazer.
O @Verdade apurou que os aeroportos de Maputo, Beira, Chimoio, Chingodzi, Quelimane, Nampula, Lichinga, Pemba e os aeródromos de Inhambane e Vilanculos foram deixados abertos ao tráfego nacional e internacional pelo Governo de Filipe Nyusi assim como os portos de Maputo, Beira, Quelimane e Nacala.
Aliás na revisão das medidas de execução administrativa do Estado de Emergência o Executivo reabriu, no dia 9 de Abril, o aeroporto de Nacala e os portos de Pemba e Mocímboa da Praia. Sobre o reforço das medidas de quarentena “nós achamos que em termos de implementação a classificação é suficiente, uma vez que persistem questões relacionadas com o cumprimento integral desta medida e o desafio é a necessidade de uma fiscalização que seja adequada.
Dos 518.350 cidadãos que entraram em Moçambique desde o início do rastreio de viajantes o @Verdade descortinou que foram colocados em quarentena 11.469 dos quais 970 ainda a cumpriam nesta segunda-feira (27). Ademais o sistema de rastreamento electrónico não está a funcionar na sua plenitude.
“Apesar das medidas decretadas existe ainda muito movimento de pessoas ao nível das vias públicas e nas nossas estradas”
Relativamente “a suspensão das aulas, o cumprimento é bom, entretanto a permanência dos estudantes no domicílio, que é o objectivo fundamental não parece ter o impacto desejado”, declarou o ministro Armindo Tiago destacando que sobre a suspensão da realização de eventos “o cumprimento também é bom em termos de implementação mas persistem desafios no que concerne a cerimónias fúnebres, onde na maior parte dos casos o número de participantes é maior”.
Avaliando a obrigatoriedade da aplicação de medidas de prevenção da covid-19 em todas instituições públicas e privadas o titular da Saúde anotou que embora a implementação seja boa, “continuamos a observar que existe uma elevada carga de trabalho presencial e foi salientada a necessidade de melhorar o uso das máscaras”.
O ministro Armindo Tiago revelou ainda ao Presidente Nyusi que a medida que menos está a ser cumprida pelos cidadãos em Moçambique é relativa a limitação da circulação interna, “aqui a classificação do grau de implementação é insuficiente. Apesar das medidas decretadas existe ainda muito movimento de pessoas ao nível das vias públicas e nas nossas estradas. Aqui o desafio provavelmente há-de ser uma deficiente sensibilidade cívica do cidadão em termos de cumprimento integral”.
Para além dos milhões de cidadãos que é possível continuar a ver nas ruas um pouco por todo o país dados da Trans African Concessions, concessionária da Estrada Nacional nº 4, indicam que o tráfego entre a Cidade de Maputo e Matola reduziu apenas 33 por cento, das 42 a 45 mil viaturas que diariamente cruzavam a portagem registou-se uma diminuição para 32 a 33 mil viaturas cada um dos 26 dias do Estado de Emergência.
Nyusi submete decisão sobre Estado de Emergência ao crivo da Comissão Política do partido Frelimo
Esperava-se que ainda nesta segunda-feira (27) o Presidente da República anunciasse a prorrogação do Estado de Emergência por mais um mês, contudo Filipe Nyusi tem ainda de submeter as constatações da sua Comissão Técnico-Científica para Prevenção e Resposta da covid-19 ao crivo da Comissão Política do partido Frelimo que deverá chancelar a renovação das medidas de prevenção ficando a dúvida sobre se serão mantidas no nível 3 ou agravadas para o nível 4.
Recorde-se que um dos mais importantes membros da Comissão Técnico-Científica para Prevenção e Resposta da covid-19, o director-geral do Instituto Nacional de Saúde antecipou ao @Verdade que depois do dia 30 de Abril “não iremos voltar à vida normal” em Moçambique.
“Vejam o que acontece em muitos países depois de medidas de nível 3 ou são implementadas medidas de nível 4 ou continua-se a implementar medidas de nível 3. Em alguns países após várias semanas de medidas de nível 3 foram implementadas medidas um pouco mais ligeiras mas a vida não volta ao normal. Estou em crer que nós aqui em Moçambique nós não vamos voltar à vida normal a partir do dia 30 de Abril”, argumentou o Dr. Ilesh Vinodrai Jani.