Após atacarem à vila sede de Mocímboa da Praia, onde permaneceram durante várias horas, os Al Shabaab retiraram-se nesta terça-feira (24) aparentemente sem grande pressão e anunciaram ter morto dezenas de soldados moçambicanos e roubado diverso equipamento militar. O Governo enviou os ministros do Interior e da Defesa Nacional para reporem a ordem neste distrito da Província de Cabo Delgado que vive em terror desde 2017.
“Foi constatada a dificuldade de circulação de pessoas e bens por longas horas, enquanto decorria o tiroteio, por um lado feito pelos malfeitores e mas por outro pelas nossas Forças de Defesa e Segurança (FDS) para assegurarem a tranquilidade e ordem pública. Verificou-se já, nesta manhã de hoje, que estes malfeitores ter-se-ão retirado tendo entretanto deixado rastos, em alguns locais da vila, de sangue e corpos humanos supostamente de pessoas dentre os próprios malfeitores levados para lugar incerto”, disse a jornalistas em Maputo o porta-voz do Conselho de Ministro, o ministro Filimão Suazi, que revelou terem sido enviados para o Distrito os titulares do Interior e Defesa Nacional.
Entretanto os “malfeitores”, que os locais apelidam de “Al Shabaab” embora não tenham nenhum ligação com o grupo terrorista homónimo da Somália, anunciaram pela sua “agencia de notícias” que depois de terem passesado pela vila de Mocímboa da Praia, onde içaram a bandeira do Estado Islâmico, mataram “dezenas de militares” moçambicanos e roubaram uma grande quantidade de armas e munições.
O jornal Moz25horas reporta que todos os indivíduos que estavam presos na cadeia da vila foram mortos, imagens vistas pelo @Verdade mostram oito cadáveres, alguns deles algemados.
Contrariamente as indicações do Governo que as Forças de Defesa e Segurança teriam contra atacado os “malfeitores” ainda durante a segunda-feira (23) relatos de residentes da vila indicam que os Al Shabaab deixaram Mocímboa da Praia sem que nenhuma força governamental os tivesse atacado. Há relatos que até ao princípio da tarde nenhum membro das Forças de Defesa e Segurança teria entrado na vila sede.
Para além das dezenas de vítimas mortais foram destruídas a residência oficial do Administrador do Distrito, a residência oficial do presidente do Município, o Tribunal Judicial, agências de três bancos, a cadeia, o comando da Polícias da República de Moçambique e outras infra-estructuras de agentes económicos privados.
Este ataque foi uma espécie de “deja vú” ao início do terrorismo na Província de Cabo Delgado pois a vila sede do Distrito de Mocímboa da Praia foi o local onde a 5 de Outubro de 2017 os Al Shabaab desafiaram pela primeira vez o Estado moçambicano.