A época chuvosa 2018/2019 foi a mais mortífera de sempre em Moçambique, 714 pessoas morreram em dez diferentes Calamidades Naturais, dois surtos de doenças e pragas que afectaram culturas alimentares, colocando em situação de emergência pelo menos 2,8 milhões de moçambicanos.
Os políticos moçambicanos que pelas suas acções e decisões ainda demostravam duvidar de quão vulnerável o nosso país é as Calamidades Naturais tiveram durante os últimos 9 meses as evidências que o povo não precisava de sentir, numa mesma época chuvosa Moçambique foi afectado por seca, pela tempestade Tropical Desmond, por dois sismos, por dois ciclones Tropicais fortes, cheias, inundações, erosão dos solos, chuvas intensas, vendavais ocasionais e descargas atmosféricas.
Iniciada a 1 de Outubro de 2018 a época chuvosa habitualmente termina em Moçambique em finais de Março e início de Abril, mas em 2019 o nosso país esteve formalmente em Emergência até 1 de Agosto passado, altura em que foi levantado o Alerta Vermelho que vigorou na Região Centro.
O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), que só na passada sexta-feira (23) conseguiu apresentar o balanço da época chuvosa, revelou que 714 pessoas perderam a vida no período em análise, 648 em consequência dos ciclones Idai e Kenneth, 47 vitimadas por descargas atmosféricas, dez em afogamentos, seis pelo desabamento de residências e três pessoas morreram electrocutadas.
A Província de Sofala registou o maior número do óbitos, 405, seguido pela Província de Manica, 194, Província de Cabo Delgado, 43, Província de Zambézia, 28, Província de Tete, 23 e ainda dois óbitos na Província de Gaza.
As Calamidades Naturais que ocorreram desde Outubro passado deixaram 2,8 milhões de moçambicanos em situação de emergência, a maioria foi afectada pelos ciclones Idai, 1,5 milhão de pessoas, mas a seca afectou 814.567 cidadãos.
No que a infra-estruturas diz respeito 729 escolas foram afectadas, 4.910 salas de aulas ficaram danificadas, 138 unidades sanitários ficaram afectadas, 933.064 hectares de culturas alimentares foram perdidos. Além disso 153.274 habitações ficaram parcialmente danificadas, 30.125 foram inundadas e 146.482 completamente destruídas.
As habitualmente precárias estradas nacionais tiveram 4.404 quilómetros danificados assim como 101 aquedutos, 39 pontes e 19 drifts foram afectados.
Tal como nos anos anteriores o Governo de Filipe Nyusi não disponibilizou os 1,7 bilião de Meticais que o INGC precisou para assistir aos moçambicanos, do Orçamento do Estado foram desembolsados apenas 485,7 milhões de Meticais. O défice foi suprido através da solidariedade nacional, 419,2 milhões de Meticais, e pelo Banco Mundial que prometeu desembolsar 540 milhões de Meticais.
Enquanto ainda se procuram fundos para reconstruir as infra-estruturas mais básicas uma nova época chuvosa está no horizonte, daqui há sensivelmente 2 meses.