Cinco dias antes de seu comparecimento diante do Conselho Mundial do Automobilismo, a escuderia Renault F1, que pode ser excluída do Campeonato Mundial, anunciou a saída de seu diretor Flavio Briatore e adiantou que não contestará as acusações de fraude envolvendo a batida de Nelsinho Piquet no Grande Prêmio de Cingapura de 2008.
“A Renault F1 informa que seu diretor-geral, Flavio Briatore, e seu diretor executivo, Pat Symonds, deixaram a escuderia”, escreveu em comunicado a equipe francesa, que deve comparecer diante da Federação Internacional do Automobilismo (FIA) no dia 21 de setembro. O comunicado não especifica se Briatore, uma das grandes figuras dos bastidores da Fórmula 1, saiu ou se foi demitido.
Assim, Briatore, diretor-geral da Renault F1 desde 2002 e presente na Fórmula 1 desde 1989, ano em que entrou na Benetton, perdeu a queda-de-braço com a família Piquet. Nelson Piquet, tricampeão mundial (1981, 1983, 1987) revelou a fraude em 26 de julho deste ano, durante o GP da Hungria, poucos dias antes do afastamento de seu filho pela Renault.
Briatore e Symonds foram acusados de ter orientado Nelsinho a provocar deliberadamente um acidente no GP de Cingapura para favorecer Fernando Alonso, seu companheiro de escuderia, que acabou vencendo a prova. “Na presença de Briatore, Pat Symonds me perguntou se eu estaria disposto a me sacrificar pela equipe provocando a entrada do safety car”, contou Nelsinho à FIA. “Symonds utilizou um mapa para me mostrar o lugar exato onde deveria provocar o acidente. A curva foi escolhida a dedo, porque não havia nenhum guindaste por perto. Desta forma, meu carro não poderia ser retirado rapidamente da pista, e o safety car teria que entrar de qualquer maneira”, relatou o brasileiro.
No dia da corrida, Alonso, que largara da 15ª posição, foi o primeiro a abastecer, minutos antes do acidente de Nelsinho Piquet. Como a maioria dos pilotos aproveitou a paralisação da prova para ir aos boxes, Alonso foi ganhando posições até chegar à liderança e conquistar seu primeiro GP da temporada pela Renault. Em um depoimento enviado à FIA e publicado por vários meios de comunicação, Nelsinho Piquet, que foi demitido da Renault no início de agosto, afirma que Flavio Briatore e Pat Symonds pediram a ele para “provocar intencionalmente um acidente para favorecer o rendimento da F1 Renault”.
Em 11 de setembro, Max Mosley, presidente da FIA, destacou que Nelsinho obteve a imunidade por sua colaboração. “Dissemos a ele que se colaborasse, não seria perseguido individualmente”. Acuada, a Renault decidiu se separar de seus dois principais dirigentes, e admitir a armação. “A Renault não vai contestar as alegações recentes da FIA sobre o GP de Cingapura de 2008”, frisou a escuderia.
Resta saber se esta nova estratégia permitirá à escuderia francesa escapar da exclusão do Campeonato Mundial. A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) quer esclarecer se a Renault pediu mesmo a Nelsinho Piquet para bater de propósito. Dependendo dos resultados da investigação, a escuderia francesa pode ser banida da principal categoria do automobilismo mundial.