O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, avalia positivamente os trabalhos da 29/a Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que teve lugar em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo (RDC) na Segunda e Terça-feira da semana corrente.
“Eu penso que esta reunião correu bem e, sobretudo, teve bons resultados. Um dos resultados e’ o facto de o nosso Secretario Executivo, também nosso concidadão, ter conseguido renovar o seu mandato sem nenhuma contestação”, disse Guebuza, falando à imprensa moçambicana minutos após o encerramento da Cimeira. Aliás, Guebuza disse que a recondução de Tomaz Salomão ao cargo acontece naturalmente, pois desde a sua entrada no Secretariado desta organização regional a mesma registou melhorias consideráveis.
“Melhorou imenso”, vincou Guebuza, acrescentando que “é muito positivo e nos honra a todos nós moçambicanos”. Na ocasião, Guebuza também congratulou-se com a eleição de Moçambique para a presidência do Órgão de Política, Defesa e Segurança da SADC.
“É uma responsabilidade pesada pois ainda existem algumas situações de conflito, mas que felizmente estão sendo atendidas, são os casos do Lesotho, Madagáscar e do Zimbabwe”, referiu. O estadista moçambicano aproveitou a oportunidade para manifestar o seu apreço com o esforço empreendido pelo Governo congolês para organizar a Cimeira. “Kinshasa realmente preparou-se, esmerou-se e caprichou como diriam os outros.
A conferência correu bem e acreditamos que Kinshasa vai continuar no mesmo ritmo, na direcção da nossa SADC”, disse Guebuza. Convidado a comentar sobre os últimos golpes e tentativas de golpe de estados ocorridos em África nos últimos dois a três anos, Guebuza reconhece que de facto e’ uma situação preocupante. “De facto é um motivo de preocupação. É motivo de profundas discussões e debates e mesmo deliberações de parte de quem de direito quer a nível continental quer a nível regional.
Mas nós temos que ter em conta o passado desses mesmos países”, explicou. “Os outros continentes também têm problemas, mas nós somos africanos e, naturalmente, que temos que nos preocupar mais com os problemas de África”, assinalou. Na ocasião, Guebuza fez um pequeno historial de todos os países que nos últimos anos passaram por uma fase de instabilidade política, tais como a Guiné-Conakry, Guiné-Bissau, Lesotho, Madagáscar explicando que todos tiveram um passado turbulento.
“Portanto não estamos perante fenómenos novos, estamos sim perante desenvolvimento de fenómenos que já vêem há algum tempo. É obvio que devemos nos sentar e analisar o que devemos fazer para pôr termo a esta situação”, explicou. Segundo Guebuza, esta foi uma das questões discutidas nesta Cimeira, para decidir sobre as medidas que poderão ser tomadas para a sua mitigação “Enquanto isso, vamos continuar a aprender com as lições do passado para desenharmos estratégias que desencorajem ainda mais os golpes”, disse Guebuza.
Citando como exemplo o caso malgaxe, Guebuza disse que “o Comunicado Final da Cimeira fala em termos muito duros, rejeita-se e não se reconhece o regime actual do Madagáscar, e exige-se que o país volte a ordem constitucional”. Na ocasião, os jornalistas também quiseram ouvir do Presidente moçambicano o seu parecer sobre os últimos incidentes com o vizinho Malawi.
“Com relação ao Malawi, eu penso que devem ter em conta que há pouco tempo nós tivemos uma reunião dos órgãos de segurança, ou seja uma reunião da Comissão Mista dos órgãos de segurança na qual Moçambique insistiu que o Ministro do Interior da parte malawiana estivesse presente para que pudéssemos discutir os problemas com seriedade e agirmos em conformidade”, disse o estadista moçambicano.
Guebuza disse que Moçambique vai manter a linha do diálogo para a busca de uma solução dos problemas existentes. Num outro desenvolvimento, Guebuza saudou o jornalista moçambicano, Bento Venâncio, do semanário “Domingo”, que recebeu, na sessão de abertura da Cimeira, um prémio de jornalismo da SADC na categoria de imprensa escrita, depois de ter sido proclamado vencedor da edição 2009. O prémio consiste num cheque no valor de 2.000 (dois mil) dólares norteamericanos e um certificado assinado pelo Presidente cessante da SADC, Jacob Zuma.
“Continue a trabalhar muito”, disse o estadista moçambicano dirigindo-se a Venâncio, para de seguida rematar “a sorte vem do trabalho”.