O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, disse na quarta-feira, em Genebra, que nenhum país é imune às mudanças climáticas, por isso, defendeu que o mundo deve agir já antes que seja tarde demais.
Falando na qualidade de Presidente da III Conferencia Mundial sobre o Clima, que decorre ate sexta-feira nesta cidade suíça, Guebuza disse que o facto das alterações climáticas interferirem nos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM’s) reforça a necessidade de uma acção global imediata. Ladeado pelo Secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, Guebuza expressou total apoio a criação do Quadro Global para Serviços Climáticos, o principal objectivo da Conferencia Mundial sobre o Clima, e reiterou o apelo aos parceiros de desenvolvimento para reforçarem o seu cometimento internacional.
Este instrumento visa melhorar a informação climática e torna-la acessível a todos os países. Os Chefes de Estado e de Governo participantes da III Conferencia Mundial sobre Clima, decidiram na quarta-feira criar este instrumento que visa reforçar a produção, disponibilização, acesso e aplicação de serviços climáticos baseados em conhecimentos científicas.
Apelaram ao Secretário- Geral da Organização Mundial de Meteorologia (OMM) para que dentro de quatro meses convoque uma reunião intergovernamental dos Estados membros deste organismo das Nações Unidas para aprovar o plano de acção, mandato e a composição de uma Equipe Especial de Alto Nível, que irá elaborar um relatório que inclua as decisões e recomendações da III Conferencia Mundial sobre Meteorologia, a ser submetido ao Secretário-Geral da ONU e outras organizações.
No mesmo diapasão do discurso do Chefe do Estado moçambicano, falou Ban Kimoon, que apelou aos líderes mundiais para que tomem medidas quanto antes para salvar a humanidade de catástrofes climáticos. “Temos que agir já, os prejuízos serão elevados se não agirmos hoje”, disse o Secretário-geral da ONU, frisando que “é uma responsabilidade humana, política e histórica”.
Ban Ki-moon apontou como situações preocupantes que testemunhou ‘in loco’ o degelo do árctico, que está a aumentar o nível das aguas do mar, agravando o risco de desastres naturais sem precedentes, e a desertificação de regiões como a de Amazónia, no Brasil, entre outros fenómenos causados pelas mudanças climáticas.
Guebuza considerou que as mudanças climáticas são um fenómeno global que afecta a todos e emocionou a audiência quando recordou a história da “Rosita”, a menina que nasceu em cima de uma árvore, na província de Gaza, Sul de Moçambique, durante as cheias de 2000, e da Maria José, jovem que deu a luz três gémeos com baixo peso, também cercada de agua, na província central de Tete, no vale do rio Zambeze, durante as cheias de 2007/2008.
Estes casos e os danos humanos e materiais que as cheias causaram no tecido socio-económico do país não só sensibilizaram o Mundo como colocaram a nu as fraquezas do pais em matéria de gestão de calamidades, que de imediato embarcou em estratégias de prevenção e mitigação, estabelecendo o sistema de aviso prévio, que resultou na redução de prejuízos.
O potencial aumento da frequência e a magnitude de calamidades naturais e o aumento do nível do mar colocam ao Mundo sérios riscos de novos e mais devastadores fenómenos naturais e, no caso de Moçambique, a cidade da Beira, situada abaixo do nível do mar, corre o risco de desaparecer engolida pelas aguas.
Falando da experiência moçambicana, Guebuza disse que o país fez dos desafios oportunidades de desenvolvimento. Com efeito, as populações reassentadas construíram e vivem hoje em casas melhoradas e as zonas baixas onde residiam são hoje áreas de produção agrícola, contribuindo assim para aumentar a segurança alimentar inserida na Revolução Verde, uma estratégia do Governo. A massificação do plantio de arvores nas escolas primarias e