Mais de 15 meses depois de começar o “braço-de-ferro” com os banqueiros em Moçambique o Governador do banco central anunciou na passada sexta-feira que “poderemos testemunhar brevemente uma revisão em baixa no Prémio de Custo em cerca de 80 pontos base”. O Prémio de Custo do dinheiro é de 600 pontos base e as taxas de juro estão acima dos 25 por cento podendo chegar aos 60 por cento nos bancos de microcrédito.
Depois das taxas de juro terem ultrapassado os 30 por cento asfixiando a classe média e o sector produtivo nacional o Banco de Moçambique (BM) acordou com a Associação Moçambicana de Bancos (AMB), em Maio de 2017, começar a divulgar publicamente a metodologia usada na determinação mensal das taxas de juro dos produtos de crédito.
A 20 de Julho de 2017 foi tornado público pela primeira vez que a taxa de juro de crédito aplicada pelos bancos comercias seria determinada pela soma do Indexante único(o primeiro foi estabelecido em 21,75 por cento) mais um prémio de custo, de 600 pontos base, o que resulta numa Prime Rate do Sistema Financeiro Moçambicano a qual é adicionada a um spread que varia em cada instituição financeira.
Na sexta-feira passada o Banco de Moçambique e os banqueiros que operam no nosso país rubricaram um novo acordo que desagrega os elementos que compõem o prémio de custo e especifica a componente do spread que identifica o perfil de risco dos mutuários, definido com base em condições padronizadas por categoria de crédito.
“Desta forma, os movimentos do prémio de custo dependerão das alterações do Rating do País, do Rácio do Crédito em Incumprimento, do Rácio de Crédito Saneado e do Coeficiente de Reservas Obrigatórias para Passivos em Moeda Nacional” explicou Rogério Zandamela, intervindo após a assinatura do acordo por todos os banqueiros que operam em Moçambique, acrescentando que “o spread de crédito a ser divulgado por cada instituição de crédito será baseado num conjunto de critérios padronizados pela indústria bancária, dando espaço ao cliente para melhor negociar e decidir sobre as condições de acesso ao financiamento bancário”.
Adicionalmente o Governador do BM prometeu que: “posso assegurar que, por força dos seus novos termos, poderemos testemunhar brevemente uma revisão em baixa no prémio de custo em cerca de 80 pontos base”.
Actualmente o Prémio de Custo mantém-se nos 600 pontos base, igual valor estabelecido em Julho de 2017, o Indexante único é de 15,75 por cento o que totaliza uma Prime Rate de 21,75 por cento a ser somada aos ainda altos spreads, que variam em cada banco comercial e por cada tipo de produto de crédito, o que mantém as taxas de juro acima dos 25 por cento podendo chegar aos 60 por cento nos bancos de microcrédito.