Após investimentos de cerca de 200 milhões de dólares norte-americanos o Aeroporto Internacional de Maputo recebeu Certificação de Categoria IV que o habilita a receber aviões de grande porte, como por exemplo os Airbus 340 ou os Boeing 747, no entanto voltou a perder tráfego de aeronaves e de pessoas pelo terceiro ano consecutivo.
Em modernização desde 2009, “O Aeroporto de Maputo teve três fases, a primeira foi a da construção do Terminal Internacional, a segunda fase teve várias obras incluindo o Terminal Doméstico, a terceira fase foi a área de manobras”, sumarizou Emanuel Chaves à margem da cerimónia de atribuição do Certificado Operacional que atesta o cumprimento integral dos requisitos exigidos a nível internacional para um aeroporto de Categoria IV.
Em declarações ao @Verdade o Presidente do Conselho de Administração (PCA) dos Aeroportos de Moçambique precisou que toda modernização custou “aproximadamente 200 milhões de dólares norte-americanos”, dos quais 65 milhões foi o custo da última fase que compreendeu intervenções, “na área de manobras a pista, na placa de estacionamento doméstica, na modernização do sistema de iluminação, na nova placa de estacionamento no terminal de cargas, para além de todos os estudos que antecederam o processo”.
O PCA dos Aeroportos de Moçambique, empresa que fechou o exercício de 2016 com um passivo bancário de 17,8 biliões de meticais e estava sem capacidade para cumprir com as amortizações acordadas, esclareceu ainda ao @Verdade que : “As duas primeiras fases foram com financiamento da China, esta última foi financiamento da Agência Francesa para o Desenvolvimento e do banco Europeu de Investimento”.
O @Verdade apurou que junto do Export-Import (Exim) Bank da China os Aeroportos de Moçambique conseguiram um empréstimo concessional de cerca de 100 milhões de dólares norte-americanos e um segundo, mais 23,3 milhões de dólares, como crédito comercial. Porém no fecho das contas de 2016 a estatal estava a reestruturar o segundo crédito pois tinha falhado a amortização de duas prestações.
Já os 44 milhões de dólares do financiamento concedido pela Agência Francesa para o Desenvolvimento foram obtidos pelo Estado moçambicano e repassados aos Aeroportos de Moçambique através de um acordo de retrocessão.
Aeroporto Internacional da Beira aguarda auditoria para ser Certificado
O PCA do Instituto da Aviação Civil de Moçambique (IACM), João de Abreu Martins, afirmou no evento que aconteceu nesta segunda-feira (27) que: “Ainda que existam algumas não conformidades o IACM julga que estão reunidas as condições para a concessão do Certificado e para uma operação segura e cabal”.
Para além de Maputo é também aeroportos Certificado de Categoria IV o Aeroporto Internacional de Nacala, que no entanto continua sem receber voos intercontinentais e no ano passado ainda viu as Linhas Aéreas de Moçambique reduzirem a frequência de voos.
João de Abreu Martins disse ao @Verdade que o Aeroporto Internacional da Beira, fruto dos investimentos na sua reabilitação, já reúne as condições para ascender da Categoria III para IV no entanto ainda será objecto da necessária auditoria para que possa ser Certificado.
O responsável máximo pela Aviação Civil no nosso país acrescentou que as Certificações emitidas pela instituição que dirige têm reconhecimento internacional e os aeroportos nacionais validade não necessitam de nenhuma outra certificação. “Nós fomos primariamente certificados pela Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO na sigla em inglês) para fazer esse trabalho, nós trabalhamos em estreita colaboração com a ICAO. O Instituto da Aviação Civil de Moçambique tem o reconhecimento internacional”.
Aeroporto Internacional de Maputo perdeu 12,5 por cento de tráfego de aviões
Entretanto, e embora o ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita, tenha dito no seu discurso que a necessidade de reabilitação do Aeroporto Internacional de Maputo “veio permitir uma maior segurança nas operações das aeronaves, com possibilidade de receber aeronaves de maior porte, do tipo A340 e Boeing 747 e o aumento da área de estacionamento no terminal doméstico e no terminal de carga”, o facto é que a infraestrutura continua a perder tráfego de passageiros e de aeronaves.
O @Verdade descortinou que no ano passado os Aeroportos de Moçambique continuaram a perder tráfego de aeronaves, passageiros e de carga. Depois de um pico de 75.090 aviões que escalaram os aeroportos nacionais em 2014 nos anos seguintes o número tem estado a reduzir e em 2017 foram 53.564 as aeronaves que trouxeram somente 1.784.089 pessoas, contra mais de 2 milhões passageiros que passaram pelas infraestruturas aeroportuárias há 4 anos.
No Aeroporto Internacional de Maputo aterraram 18.858 aeronaves no ano passado, menos 12,5 por cento do que em 2016. O tráfego de passageiros também reduziu de 977.960 em 2016 para 940.762 em 2017.