A chefe do Gabinete de Atendimento Psicológico (GAP) da Universidade Politécnica, Kátia Paim, considera que a depressão, o desamparo emocional, a violência e a falta de diálogo no seio das famílias são as principais razões do aumento do consumo de drogas entre os adolescentes e jovens.
Estes factores, associados às descobertas que caracterizam a adolescência e a juventude, de acordo com Kátia Paim, podem aumentar a vulnerabilidade destas duas camadas às drogas, dada a quantidade de informação que recebem: “A ausência do diálogo na família, por exemplo, leva a que cada membro fique isolado, independente e mais preocupado com o seu sucesso, sem conseguir buscar apoio na família, nos amigos ou na comunidade”.
“O adolescente e o jovem ficam, nesta fase (de descobertas), expostos a muita informação e não conseguem geri-la, o que lhes leva a procurar ajuda em coisas que lhes podem destruir, nomeadamente o álcool, o cigarro, as drogas, a exposição excessiva às redes sociais e aos meios de comunicação, a compulsão alimentar, o culto ao corpo, entre outras”, explicou a chefe do GAP.
Entretanto, para evitar que tal aconteça, avançou Kátia Paim, é importante que os pais e/ou encarregados de educação acompanhem de perto os filhos nesta fase, pois só assim é que lhes podem ajudar a fazer a leitura dos fenómenos que ocorrem na sociedade e, se necessário, impor limites.
“Temos que dar mais liberdade aos nossos filhos, mas também temos que impor limites”, afirmou a interlocutora, que falava, recentemente, na cidade de Maputo, durante a palestra sobre prevenção à toxicodependência dirigida aos alunos do Instituto Médio Politécnico (IMEP), uma unidade orgânica da Universidade Politécnica.
Relativamente aos que já se encontram numa fase de toxicodependência, Kátia Paim apontou o diálogo na família e o acompanhamento psicológico e psiquiátrico, como indispensáveis para um tratamento bem sucedido: “A família é a nossa base de apoio, enquanto que o psicólogo e o psiquiatra somente avaliam até que ponto a pessoa está comprometida com as drogas”.
Por seu turno, a Pró-Reitora para Pós-Graduação, Investigação Científica, Extensão Universitária e Cooperação da Universidade Politécnica, Rosânia da Silva, referiu que a palestra deriva da necessidade de contribuir para a formação dos jovens, não só na componente académica, mas também no que diz respeito à cidadania.
“A nossa maior preocupação é formar o jovem como um todo, não só transmitir conhecimentos na sala de aulas. Queremos formar o cidadão e isso passa por prestar mais atenção aos jovens, que são uma camada muito frágil e exposta às drogas”, disse Rosânia da Silva, cuja mensagem esteve centrada na prevenção.
“O segredo é não dar o primeiro passo, porque sair do mundo das drogas é um processo muito difícil. A droga não prejudica só quem a consome.
Afecta a família, a comunidade, a escola, entre outras instituições sociais”, apelou a Pró-Reitora para Pós-Graduação, Investigação Científica, Extensão Universitária e Cooperação da Universidade Politécnica, que também louvou o trabalho que tem sido desenvolvido pelo GAP, em parceria com a REMAR-Reabilitação de Marginalizados, uma organização que se dedica ao tratamento e reabilitação de toxicodependentes.