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SELO: Dinheiro e História, por Joseph Hanlon e Borges Nhamirre

A sociedade civil em Moçambique depende largamente dos doadores para financiar o seu trabalho nas eleições. O ciclo eleitoral de cinco anos significa que a maioria dos embaixadores, funcionários das embaixadas e doadores não assistiu a uma eleição em Moçambique, mas vêm com novas ideias e experiências de outros países. Às vezes não percebe que, embora a sociedade civil local não disponha de dinheiro, ela tem uma riqueza de experiência acumulada em cinco ciclos de eleições multipartidárias. Essa experiência é particularmente forte na observação de eleições locais e no uso da imprensa local para monitorar as eleições.

A newsletter, o Boletim sobre o Processo Político de Moçambique, é publicado há 26 anos e, ao cobrir todas as eleições já realizadas em Moçambique, evoluiu para reflectir as realidades moçambicanas. A imprensa tradicional é livre e sincera, mas não tem cobertura nacional. E em um país que gosta de rumores, as redes sociais são cada vez mais usadas para divulgar informações exageradas e erradas, e até mesmo falsas notícias intencionais.

Para informar sobre eleições em todo o país e também para desafiar a cultura dos boatos, o Boletim se baseia em correspondentes locais, geralmente de rádios comunitárias, que conhecem sua cidade ou distrito. Nossos correspondentes são treinados para que todas as informações sejam verificadas pessoalmente – por exemplo, pergunte à polícia se eles realmente prenderam um candidato como é alegado – ou pelo menos forneçam a fonte da notícia. E nós temos uma pequena equipe editorial de Maputo que conversa com os correspondentes para garantir que eles confirmaram os fatos, e forçá-los a verificar novamente se eles não confirmaram.

Mais importante ainda, reconhecemos que o processo eleitoral continua por um longo período. Os primeiros fundos de doadores só agora estão sendo disponibilizados, mas esta é a nossa 29ª edição do Boletim Eleitoral desde agosto do ano passado. Antes da disponibilização do financiamento externo, cobrimos a eleição intercalar de Nampula e o recenseamento, com 60 correspondentes em todo o país – relatando problemas sérios e boa organização. O dinheiro veio principalmente do orçamento ordinário de nossa editora, o CIP (Centro de Integridade Pública) e do MASC (Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil), que entenderam a necessidade de começar antes que os doadores estivessem prontos.

Com base nas condições e na experiência moçambicana, desenvolvemos um sistema utilizando jornalistas locais e editores “vigilantes” que combinam melhor cobertura e maior precisão com relatórios rápidos. Se houver financiamento disponível, pretendemos ter 150 correspondentes para eleições locais em 10 de outubro e 300 correspondentes para eleições nacionais em outubro de 2019.

E depois que a eleição terminar, trabalharemos com colegas da London School of Economics para examinar com precisão os resultados detalhados, e evidências de fraude. Para nós, o processo eleitoral começou em Agosto passado e continuará por vários meses após a votação propriamente dita.

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