Existe um grupo expressivo de usuários de drogas injectáveis, padecendo de HIV – por manter relações sexuais desprotegidas – hepatite B e hepatite C, estigmatizado e na sua maioria a viver às escondidas em condições de insociabilidade, o que dificulta o acesso aos cuidados de saúde, nas cidades de Maputo (50%) e Nacala (20%), esta na província de Nampula. A constatação é do primeiro Inquérito Integrado Biológico e Comportamental em Pessoas que Injectam Drogas, divulgado na quinta-feira (08), pelo Ministério da Saúde (MISAU), através do Instituto Nacional de Saúde (INS).
Em relação à capital do país, significa que metade dos cidadãos abrangidos pelo estudo e que revelou que se injecta estupefacientes tem a chamada pandemia do século, enquanto em Nacala, onde a incidência dos usuários de drogas é de 20%, significa que duas em cada 10 pessoas estão infectadas, disse Cyntia Baltazar, investigadora principal do inquérito, realizado em 2014, durante seis meses.
Os indivíduos que se injectam drogas são chaves para as intervenções médicas devido à sua alta prevalência de HIV. Por isso, “a expectativa é que o MISAU, o Conselho Nacional de Combate ao Sida (CNCS) e outras instituições reforcem as suas estratégias no sentido de assegurar uma maior prevenção da doença (…)”.
Segundo a pesquisadora, os usuários de drogas injectáveis – heroína por exemplo – têm comportamentos de risco, são estigmatizadas, não são de fácil acesso porque vivem escondidas, o que dificulta o contacto com eles para efeitos de aconselhamento seguimento médico.
A alta prevalência de HIV deve-se ao baixo uso do preservativo nas relações sexuais. “Temos que ter intervenções muito focadas e especializadas neste grupo”, disse Cyntia Baltazar.
Relativamente à discriminação, o estudo indica que pelo menos 7.9% e 32.6% dos entrevistados, em Maputo e Nacala, respectivamente, relataram que passaram por alguma experiência de discriminação. “Nos mesmos locais, 72.2% e 42.6%, respectivamente,” de indivíduos que s injectam drogas admitiram que já estiveram a contas com a Polícia por causa do seu comportamento de risco.
Aliás, alguns foram submetidos a tratamento médico por causa de overdose, revela o inquérito que tinha como objetivo estimar a prevalência de HIV, hepatite B e hepatite C entre os usuários de drogas injectáveis, estimar o número da população que se injecta drogas, identificar os comportamentos de risco associados ao HIV e avaliar o acesso aos serviços de prevenção e cuidados de saúde.
Foram abrangidos homens e mulheres com idade igual ou superior a 18 anos, que nos últimos 12 meses anteriores ao inquérito trabalharam, residiram ou socializaram nas cidades em alusão, e que tivessem injectado droga sem prescrição médica ou alguma vez na vida.
Os entrevistados forneceram amostras de sangue para efeitos de testagem, bem como efecturam testes rápidos de HIV, hepatite B e hepatite C, e obtiveram diagnósticos no local da investigação.
Os anteriores inquéritos realizados em grupos específicos no país foram em mulheres trabalhadoras de sexo, homens que fazem sexo com outros homens, camionistas de longo curso e trabalhadores moçambicanos nas minas da África do Sul.